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Bater na porta do vizinho para pedir uma xícara de farinha emprestada tende a ser uma experiência cada vez menos comum nas médias e grandes cidades — em parte por causa dos conhecidos como "mercadinhos de condomínio", ou micromarkets.
Práticos, eles têm quase tudo o que é necessário para quebrar um galho e se destacam pela autonomia; para comprar basta escolher o produto e pagar em um caixa digital.
Apesar de não ser uma ideia nova — já se fala sobre isso há pelo menos 20 anos —, esse modelo de negócios ganhou espaço em Passo Fundo durante e depois da pandemia.
Agora, o cenário aquecido da construção civil faz com que empresas da cidade cheguem a recusar ofertas por causa da alta demanda. Na Construimóveis, por exemplo, diversos lançamentos oferecem a modalidade como atrativo.
— As vezes falta até braço. Com os novos empreendimentos, sempre tem gente buscando (a empresa) para ver o que precisa e colocar um mercadinho dentro do prédio — contou Willyan Bortolotti Fernandes, dono de uma rede de micromarkets.
A empresa começou em 2020 com duas unidades e hoje tem 17, todas em Passo Fundo. Outros dois condomínios receberão a estrutura ainda neste ano e, para 2025, mais três devem entrar na cartela. Em média, o investimento para cada loja é de R$ 30 mil.
Desde o início, o empresário comprou uma outra empresa do segmento e planeja a instalação de lojas de conveniência automatizadas fora de condomínios.
Fabiano Silveira, dono de outra rede que também atua na cidade, começou em 2022 com uma loja e hoje atende a quatro condomínios com micromarkets.
— Existe oportunidade e tem que trabalhar para conquistar novos clientes — disse ele.
Modelo de negócio consolidado
Micromarkets são modelos de negócio interessantes em médias e grandes cidades, onde há um maior custo de deslocamento e índices de criminalidade.
A varejista Carrefour, por exemplo, tem uma direção dedicada exclusivamente a esse tipo de loja no Brasil. No Rio Grande do Sul, eles são comuns em Porto Alegre, Montenegro e em condomínios de todo o Litoral Norte.
Mesmo com o risco de furtos, esse modelo está cada vez mais equipado com mecanismos que evitam crimes, por exemplo.
— Esse modelo está consolidado e existem várias plataformas no Brasil. A vantagem é que resolve a principal dor do momento, que é a falta de mão de obra, algo que já vemos na Europa há muito tempo — disse Rogério Machado, consultor estratégico de varejo.
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