Por Gabriel Wainer, Apresentador do @RivoNews
O burlesco presidente americano, Donald Trump, chocou mentes e corações sensíveis ao dizer que os palestinos deveriam ser retirados de Gaza e que o território deveria virar um resort controlado pelos EUA. Parte da imprensa colérica – internacional e doméstica – concluiu que a sugestão de Trump, na verdade, é promover uma “limpeza étnica” na região. O que faz crer que, para determinados setores, sugerir o deslocamento em massa de um povo só não é limpeza étnica quando este povo é judeu.
A fala de Trump, por si só, não é oportuna nem responsável. Estamos em meio a um cessar-fogo mambembe e ainda há reféns sequestrados pelos terroristas do Hamas em Gaza. A declaração do presidente dos EUA só tende a assanhar a selvageria intrínseca ao grupo.
A fala de Trump, por si só, não é oportuna nem responsável.
SAMUEL WAINER
Mas como defensor intransigente das nuances, entendo que a declaração é um marco histórico no conflito árabe-israelense. Primeiro porque chama à ação a Jordânia e o Egito, inertes o tempo todo, exceto na hora de rejeitar refugiados palestinos em suas fronteiras. Para além disso, é um delírio acreditar que o mundo tolerará a criação de um Estado Palestino enquanto o Hamas governar Gaza. São carniceiros fanatizados com aversão à diplomacia, cujo próprio estatuto prega o extermínio de Israel e do povo judeu.
Estima-se que 90% das construções de Gaza estão inabitáveis. Quando Trump diz que os palestinos não deveriam voltar para suas casas é porque, devido à guerra iniciada pelos terroristas em 7 de outubro de 2023, já não há mais casas para voltar.
E é evidente que não se deve concordar com qualquer imigração forçada. Até porque qualquer deslocamento compulsório deturpa o ideal sionista e vai contra os valores fundamentais da luta por um lar nacional judaico, que não busca a destruição de nenhum povo, e sim a sobrevivência do seu.
Mas enquanto o ideal nacional de quem governa a Palestina for o antissionismo e não a inspiração por um Estado Palestino democrático e em paz com Israel, o que se sabe até aqui é que tudo o que foi tentado nos últimos 40 anos não deu certo. É preciso pensar em novas soluções, e é essa a provocação de Trump.