A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
O número de pedidos de recuperação judicial de empresas do agro disparou no Rio Grande do Sul. No período de um ano, o salto foi de 525%, totalizando 50 companhias no quarto trimestre de 2024. Na avaliação do setor produtivo, os dados do Monitor RGF da Recuperação Judicial no Brasil, desenvolvido pela consultoria RGF&Associados, acessados com exclusividade pela coluna, reforçam o impacto acumulado das adversidades climáticas consecutivas dos últimos anos no campo.
É o argumenta o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja-RS), Ireneu Orth, ao se referir a um "efeito dominó":
— Quando cai o primeiro da ponta, os outros vêm caindo na sequência. Cai a agricultura, depois cai a indústria, depois os serviços.
A alta nos pedidos de recuperação judicial no Estado foi, inclusive, maior do que a média brasileira. No mesmo período, o país registrou uma alta de quase 40%, fechando com 295 empresas nessa situação.
Rodrigo Gallegos, sócio da RGF, especialista em reestruturação e responsável pelo Monitor RGF, chama a atenção ainda para os segmentos agropecuários que despontaram a alta: soja (64%), bovinos (20%) e arroz (12%).
Para Orth, "o cenário não poderia ser outro":
— É a quarta quebra de safra por seca nos últimos cinco anos no Estado.
Gallegos, da RGF, diz que esse é o principal gargalo referido pelas empresas do setor: a frustração e a falta de previsibilidade da safra diante das condições climáticas.
— E, para esse ano, a tendência é de que esse crescimento (nos pedidos de recuperação judicial de empresas do agro) aumentem. No Rio Grande do Sul, mas também no Centro-Oeste — acrescenta o responsável pelo Monitor RGF.
A plataforma reúne dados da Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil sobre a entrada na recuperação judicial das companhias.
