Por Professor Cláudio Branchieri, deputado estadual (Podemos) e economista
A guerra tarifária americana impacta o Brasil e a economia global. A política de tarifas dos EUA visa proteger a indústria nacional e reduzir o déficit comercial, mas tem efeitos negativos que afetam todos os países envolvidos.
Os EUA acumulam um déficit comercial de US$ 880 bi nos últimos 12 meses e um déficit de transações correntes de US$ 1,05 trilhão. Trump vê nisso uma fragilidade e busca corrigir com tarifas sobre importações. Mas isso resolve o problema?
As tarifas geram retaliações de parceiros comerciais, criando um ciclo inflacionário que prejudica os consumidores. Mesmo com o objetivo de proteger setores estratégicos, quem paga a conta é a população.
Quem mais perde nessa guerra não é a esquerda, mas a direita global
O Brasil não está imune: Trump já nos citou como alvo sem razão aparente. Os EUA têm superávit tanto na balança comercial quanto na de serviços com o Brasil, somando quase US$ 3,5 bilhões.
Nosso comércio é simples: exportamos commodities, como minério e café, e importamos produtos de alta complexidade. Se as tarifas americanas nos afetarem, será fácil para os EUA encontrar novos fornecedores de commodities, mas difícil para nós substituir produtos tecnológicos.
Se Trump persistir nessa estratégia, Lula pode se beneficiar politicamente. Criar um “inimigo externo” sempre foi eficaz para unir a população e reforçar um discurso nacionalista. Uma possível retaliação com tarifas de 25% sobre produtos americanos poderia aumentar a arrecadação de impostos, o que é conveniente para um governo sempre ávido por recursos. Haddad já é Trump na Austrália.
Espero que essas medidas sejam apenas uma tática de negociação, e não uma política permanente. Como defensor da liberdade econômica, vejo isso como um retrocesso, especialmente vindo de quem defende o livre mercado. Para o Brasil, o protecionismo só fortalece Lula.
Quem mais perde nessa guerra não é a esquerda, mas a direita global, que deveria defender o livre-comércio, e não o protecionismo disfarçado de patriotismo econômico.