Por Daniel Randon, presidente da Randoncorp e presidente do Conselho Superior do Transforma RS
A partir da posse, hoje, o presidente dos EUA, Donald Trump, vai mostrar o que vai realizar do discurso de campanha e dos cem decretos a serem conhecidos. Apesar de alguns deles, como o aumento de tarifas de importados, afetarem o Brasil, no médio e longo prazo vejo mais oportunidades do que ameaças. Somos um bom, forte e histórico parceiro. O alvo maior das ameaças ainda verbais é a China, o que pode beneficiar os demais países exportadores.
Comercialmente, vamos continuar negociando tarifas de importação, regularmente aumentadas, sem surpresas, em se tratando de um governo protecionista e com maioria no Congresso, no Senado, na Corte e nas maiores plataformas de redes sociais, X e Meta.
Segundo acompanhamento do Top Risks 2025, do Eurasia Group, no cenário de maior inflação americana, o Brasil verá o real ainda mais depreciado, combustível para a inflação, e juros ainda mais altos
É importante considerar que Trump tem o compromisso com seus eleitores de controlar a inflação interna, sua preocupação central, o que exigirá ajuste fiscal nas contas do setor público e aumento de tarifas de baixo impacto nos preços. Segundo acompanhamento do Top Risks 2025, do Eurasia Group, no cenário de maior inflação americana, o Brasil verá o real ainda mais depreciado, combustível para a inflação, e juros ainda mais altos.
O mesmo estudo projeta maior pressão da comunidade financeira internacional sobre o Brasil em função de sua incapacidade de equilibrar o endividamento e acalmar os investidores. O Instituto Fiscal Independente aponta a necessidade de superávits primários de 2,4% do PIB para estabilizar a dívida.
Ao governo brasileiro cabe reforçar ainda mais a parceria com os EUA, abrindo novas oportunidades de negócios internacionais. É produtiva a aproximação mais forte com novos mercados, especialmente nas Américas, por conta dos conflitos nos demais continentes.
No jogo de poder, o Brasil tem algumas cartas na manga. Além de liderar a produção de alimentos, é protagonista na transição energética com fontes de energias limpas e, atualmente, está na presidência rotativa do Brics. É fundamental que o Brasil utilize sua diplomacia e se adapte ao novo jogo que se inicia.