Por Leonardo Pascoal, prefeito de Esteio e futuro secretário de Educação de Porto Alegre
Investir nos seis primeiros anos de vida das crianças, a chamada primeira infância, é uma decisão estratégica essencial para o futuro de uma sociedade. Estudos mostram que este período é crucial para o pleno desenvolvimento humano, sendo chamado de “janela de oportunidade”. É nessa fase que o aprendizado de competências e a construção de habilidades ocorrem de forma mais rápida e efetiva.
Cada real investido na primeira infância retorna entre sete e 13 vezes a mais em benefícios econômicos e sociais, segundo a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal. Esse investimento reduz desigualdades, promove oportunidades e previne custos sociais de ciclos de pobreza e exclusão. Por outro lado, a negligência gera impactos negativos, como maior gasto público com saúde, segurança e assistência.
O poder público, junto à sociedade, precisa atuar de forma integrada em áreas como educação, saúde e assistência social
No Brasil, mais de 18 milhões de crianças estão nessa faixa etária, e mais de 55% vivem em famílias de baixa renda, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento Social. Um terço enfrenta insegurança alimentar, segundo o IBGE. A falta de nutrição e estímulos adequados impacta o desempenho escolar, aumentando a evasão e perpetuando a exclusão social.
Transformar essa realidade é urgente. O poder público, junto à sociedade, precisa atuar de forma integrada em áreas como educação, saúde e assistência social. Apesar de avanços, ainda há muito a fazer. A taxa de mortalidade infantil permanece alta, e o acesso à educação infantil está longe da universalização. Além disso, não basta ampliar vagas: é necessário garantir qualidade e equidade.
Com a chegada de novos gestores em 2025, surge a chance de priorizar a primeira infância, substituindo gastos reativos por políticas estratégicas baseadas em evidências. Professores, profissionais da saúde, instituições e famílias têm papel fundamental. Mas, sempre que houver dúvidas, o interesse das crianças deve prevalecer. A primeira infância é a base de tudo. Políticas públicas bem-estruturadas hoje garantem uma sociedade mais justa e próspera amanhã. Cuidar das crianças é investir no futuro.