Por Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)
As recentes mudanças políticas dos EUA têm provocado turbulência no cenário internacional, mas no mercado avícola há indicativos de que essas ações poderão ser positivas. Os conflitos tarifários estabelecidos pelos americanos frente a três dos seus parceiros comerciais - entre eles, o México - poderão ter efeito no fluxo de exportações globais avícolas. O México, aliás, é há anos o principal destino das exportações dos Estados Unidos de carne de frango.
É natural que as nações busquem alternativas para o mercado interno
Dito isso, o governo mexicano renovou, no fim de 2024, o pacote contra a inflação e a fome. Um mecanismo criado há dois anos para controlar os efeitos inflacionários e a escassez de alimentos, que incentiva a oferta por meio da importação de produtos estratégicos, como as carnes de frango e suína.
Onde o Brasil entra nisso? Após o estabelecimento do pacote, a parceria com o México foi fortalecida. Apenas nos 11 primeiros meses de 2024, o programa viabilizou as importações de 205 mil toneladas de carne de frango (+18,8% em relação ao mesmo período de 2023) e 42 mil toneladas de carne suína (+49,7%), o que gerou receitas totais de US$ 620 milhões. Atualmente, o México é nosso sétimo maior importador de carne de frango e o 10° em carne suína.
A manutenção do Brasil como fornecedor deste programa foi uma vitória conquistada pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e por seus secretários Luís Rua e Carlos Goulart. Ficaram, portanto, mantidas as condições atuais para importação dos produtos, com ausência de cotas limitadoras com tarifa zero ao longo de 2025.
Somado aos conflitos comerciais, abre-se uma janela de oportunidades para o Brasil. Afinal, é natural que as nações busquem parcerias alternativas para atender à demanda do mercado interno, o que já nos beneficiou em diversas situações.
As boas relações dos países e a sólida parceria construída entre produtores brasileiros e importadores mexicanos indicam resultados positivos para nossa proteína animal, gerando resultados benéficos para as duas nações - e mais renda e emprego para o Brasil.