Roberto Rachewsky, empresário
Anticonstitucionalissimamente é a maior palavra da língua portuguesa, tirando termos técnicos, como pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico, que significa portador de uma doença pulmonar desencadeada pela inalação de cinzas vulcânicas.
No Brasil, não temos erupções vulcânicas nem terremotos. Nos situamos sobre a parte central de uma placa tectônica. Os brasileiros estão assentados em solo estável, imunes a esse tipo de cataclisma.
O cataclisma que nos assola é de outra espécie. Advém da nossa incapacidade intelectual, ética e política de estabelecer um sistema social que seja tão amigável à vida humana como as condições geológicas que nos foram presenteadas pela natureza.
Tudo aquilo que os brasileiros precisam para florescer e prosperar pode ser encontrado em abundância na natureza. Porém, recursos naturais não são suficientes, é preciso haver ambiente social propício para que possamos cooperar voluntariamente, transformando tais recursos em valor e riqueza para uso próprio ou para trocar com os demais, livremente.
Seja numa monarquia consuetudinária ou numa república constitucional, a organização política deve criar ambiente institucional capaz de oferecer estabilidade às relações sociais com base no respeito às características inatas do nosso ser, nossa racionalidade e nossa necessidade existencial de poder exercer os direitos à vida, à liberdade, à propriedade e à busca da felicidade.
Precisamos de uma Constituição que proteja os direitos individuais, o devido processo legal, a absoluta separação entre o governo e a economia
Uma constituição antiliberal é indesejável, mas o anticonstitucionalismo é sinônimo de desumanidade. É o governo sem limites, que cala indivíduos – palavras podem ser uma arma contra o arbítrio e a tirania –, que desarma a população – armas de fogo podem ser usadas contra os déspotas.
Liberdade de consciência e expressão, liberdade para possuir e portar armas são temas das duas primeiras emendas da Constituição Americana. Não por casualidade, mas por serem indispensáveis para o exercício do direito à vida.
Precisamos de uma Constituição que proteja os direitos individuais, o devido processo legal, a absoluta separação entre o governo e a economia e um sistema representativo verdadeiro visando à estabilidade política e à segurança jurídica.
Quem precisa de falhas geológicas quando temos governos que falham miseravelmente a ponto de semearem instabilidade, insegurança e destruição, como fazem vulcões ativos e abalos sísmicos?