Por Walter Lídio Nunes, vice-presidente da Associação Gaúcha das Empresas Florestais (Ageflor)
A crise vivida pelo Rio Grande do Sul tem imposto medidas paradigmáticas para superá-la. O acordo para o regime de recuperação fiscal, privatizações das empresas que não cabem no papel do Estado indutor do bem social, concessões, revisão e eficiência dos gastos – incluindo a Previdência –, revisão dos privilégios, entre outros, formam um eixo fundamental. Para além deste, o desenvolvimento com atração de empresas e investimentos geradores de receitas e empregos também constitui o alicerce para a superação da crise. Para atingir esse objetivo, o Estado precisa aumentar a competitividade sistêmica em relação a outras regiões do Brasil, focando arranjos produtivos que apresentem um diferencial natural ou potencial. Temos em andamento o processo do polo carboquímico, que pode concretizar uma cadeia econômica capaz de atrair inúmeras empresas e de ultrapassar os R$ 15 bilhões. No entanto, existem resistências que se valem de informações desqualificadas para inviabilizar um investimento ambientalmente sustentável.
Outro arranjo que está sendo gestado como plano de Estado é o das energias renováveis: geração eólica, pequenas hidroelétricas, energia solar e energia baseada em biomassa. Para viabilizar esta importante oportunidade, algumas estratégias são importantes, tais como processo de governança, políticas públicas de incentivo e desburocratização, estímulos para o cluster industrial associados a investimentos relacionados ao tema a fim de maximizar os ganhos para o Estado.
Nosso Rio Grande tem um imenso potencial natural para a produção de energia eólica, mas sofre uma intensa concorrência dos Estados nordestinos, que têm tido uma efetiva articulação política federal, menos burocracia e mais eficácia nos processos de licenciamento. A percepção, no Brasil, é de que aqui, no Sul, existe um ambiente menos receptivo a novos investimentos e que precisamos mudar para motivar a vinda de investidores estrangeiros. Neste sentido, o governo estadual tem buscado demonstrar receptividade. Na 10ª edição do Brazil WindPower – evento que reúne as principais autoridades e executivos do setor de energia eólica do mundo e que acontecerá no final do mês, em São Paulo –, por exemplo, o Rio Grande do Sul mostrará as oportunidades que os possíveis investidores encontrarão em nosso Estado, o que possibilitará alavancar investimentos de bilhões de reais para a nossa economia regional. Outras oportunidades de crescimento estão no adensamento das cadeias econômicas tradicionais cujas empresas têm saído para outros Estados do Brasil.