Há alguns dias, esbarrei em um infográfico que apresentava a evolução de uma série de indicadores socioeconômicos do mundo desde 1800. Mostrava como havíamos melhorado significativamente em termos de expectativa de vida, pobreza extrema, educação, entre outros. Isso também me fez lembrar meu primo que, na época com 12 anos de idade, me observando escrever um trabalho sobre desenvolvimento gaúcho, afirmou "mas, a gente está melhor, né?! Olha o que era a Idade Média!".
Ao longo dos séculos, o avanço das técnicas produtivas e da organização dos mercados oferece muito mais oportunidades de geração de valor e consolidação de bem-estar material. Os avanços tecnológicos na área da saúde têm salvado e prolongado a vida das pessoas a cada nova descoberta. Também a educação melhora, com menos analfabetos e mais pessoas habilitadas em matemática.
Mas, então, por que a pauta da nossa sociedade contemporânea ainda está tão carregada de elementos que nos remetem ao desenvolvimento? Por que estamos tão envoltos nos debates ácidos das redes sociais e mergulhados em uma espécie de depressão coletiva em torno da crise econômica? Será que não deveríamos estar mais cientes de que o passado era muito pior e relativizar a situação atual?
Não! Não se trata disso. Desenvolvimento tem relação com a maneira como se vive a vida. A sociedade, enquanto um organismo complexo e mutante, ao mesmo tempo gera e busca atender necessidades, criando uma dinâmica. Uma sociedade desenvolvida é aquela que consegue balancear necessidades geradas e seu atendimento, sem ficar estagnada.
Viver uma vida plena hoje é diferente de como era no século passado. É rasteiro comparar números fora do contexto da evolução histórica. Com 12 anos de idade, meu primo não percebia suas necessidades como além das suas possibilidades. Assim, a Idade Média lhe parecia horrível diante do ar fresco da infância no século 20. Hoje, com quase 30, ele é vegetariano e tem um modo de vida mais minimalista, pois acredita que as necessidades precisam ser ponderadas para que sua qualidade de vida não se deteriore na própria busca por preenchê-las.
O debate sobre desenvolvimento muda, pois a dinâmica social muda. Se vivemos mais e com mais recursos materiais, outros desafios surgem e envolvem o que fazer com isso. Desenvolvimento sempre será pauta.