O deputado Pedro Ruas (PSOL) pede, neste espaço, que o governo do Estado tenha mais diálogo com a sociedade. O estratagema é conhecido: sempre que um radical de esquerda como ele pede diálogo, na verdade, apenas quer que nada mude – ou que sua visão de mundo prevaleça. E debater, nessa dinâmica, significa dar margem para que os movimentos sociais aparelhados por seus partidos – que de sociais não têm nada – possam colocar em marcha suas mobilizações, custeadas sabe-se lá por quem. Enganam-se ao imaginar que esses coletivos organizados ainda têm alguma representatividade junto à população.
Faz tempo que esse reacionarismo de esquerda, permeado por agressividade política somada à utopia socialista, não representa mais nada de popular. Pelo contrário: em torno dele formou-se uma elite corporativista e arraigada nos seus postos de poder. Uns ainda petistas, outros disfarçados em linhas auxiliares, mas todos grudados a um projeto de poder que se abastece do Estado. Ou, em outras palavras, do dinheiro público. São fãs do socialismo de Cuba e da Venezuela – pasmem, em pleno século 21! Têm causas aparentemente justas, mas cujas contas sempre sobram para a população.
Mesmo assim, tenho respeito pessoal pelo deputado Ruas. Todavia, o que a sociedade quer, além do diálogo, é atitude. Atitude como a de repartir o sacrifício da crise de maneira justa entre todos os poderes, como estava no projeto do duodécimo, que Sua Excelência votou contra, protegendo os salários mais altos do funcionalismo público – em detrimento de professores e policiais. Atitude como acabar com a licença sindical remunerada, fazendo com que os poderosos sindicatos paguem seus dirigentes – o que também não conta com o seu apoio. Em vista disso, de novo ganham os grandes – uma elite do funcionalismo que o povo paga para fazer militância sindical (mais de 317 servidores afastados do trabalho ao custo de quase R$ 40 milhões ao ano). Perde o povo, aquele cidadão comum que a esquerda elitizada abandonou já faz tempo.
O governo Sartori sabe o que faz, tem razão o deputado Ruas. E paga um alto preço político por isso. Mas os gaúchos sabem também o que a oposição irresponsável faz. Já fizera no passado, quando o PT ainda vendia ilusões sob a vestal do monopólio da ética – justamente como quer figurar o PSOL agora. E tudo isso quebrou o Estado e o país quando, diga-se de passagem, não se ouviu a voz do PSOL. A história saberá julgar quem dialoga apenas com seu gueto ideológico, colocando os interesses corporativistas acima dos interesses do Rio Grande.