As colaborações premiadas de executivos em fase de homologação representam o grande ponto de partida para a regionalização da Lava-Jato. A operação atingirá empresas e pessoas que não representam a espinha dorsal da operação – qual seja – as grandes empreiteiras.
Com o vazamento parcial das investigações, verifica-se que as empresas que prestaram serviços às empreiteiras estão igualmente correndo sérios riscos perante a Justiça Criminal, já que trabalharam em consórcio com essas últimas, ou, então, em regime de subempreitada. Já existem pedidos ao juiz Sergio Moro para que compartilhe as provas da operação que conduz, para fins de apuração de supostas ilicitudes praticadas por empresas do Rio de Janeiro relacionadas à Lava-Jato.
Os desdobramentos da Lava-Jato também atingem em cheio o Estado do Rio Grande do Sul, eis que, como amplamente divulgado, obras locais executadas pelas empreiteiras investigadas também contaram com a participação de empresas gaúchas. Certamente, apurar-se-á se executivos das empresas regionais tiveram qualquer participação no suposto esquema de corrupção. Houvesse um sistema mais rigoroso de regras internas a fim de evitar qualquer tipo de ilicitudes ocorridas no âmago da empresa, não há dúvida de que muitos empresários não estariam na situação de risco em que hoje se encontram.
A necessidade de criação de um conjunto de regras preventivas e de canais internos de comunicação que blindariam os executivos e as empresas quando praticado qualquer ato ilícito por um de seus funcionários ou subsidiárias é patente. O poder devastador da espetacularização de uma investigação já foi recentemente colocado à prova, vide Operação Carne Fraca, que atingiu exportações não só das empresas investigadas, mas de todo um setor.
Em tempos de Lava-Jato, a implantação de um sistema de regras rigoroso dentro da empresa – o que, em parte, denomina-se compliance – constitui-se como verdadeiro diferencial concorrencial, garantindo não só a blindagem empresarial como também vantagem competitiva frente às empresas concorrentes que possam enfrentar problemas com a Justiça. No efeito dominó das operações policiais e dos danos à imagem, normativas internas garantem que a empresa resista à queda.