Depois da reforma ministerial, que reacomodou interesses de partidos políticos da base aliada com espaços generosos na máquina administrativa, o Planalto vê menos riscos de o Congresso pressionar os gastos públicos na análise do que resta das chamadas pautas-bomba. É lamentável que, na tentativa de evitar mais dispêndios, o Executivo tenha recorrido a velhas práticas como a distribuição de cargos. Ainda assim, se a votação do que resta dos vetos presidenciais for confirmada para hoje, é preciso que prevaleça o bom senso na Câmara e no Senado. Um país em pleno processo de ajuste fiscal não tem como admitir aumento de gastos públicos bilionários.
Só o reajuste dos servidores do Judiciário, se passasse pelo Congresso, provocaria um impacto de R$ 36,2 bilhões até 2019. O que atrela o aumento do salário mínimo a todos os benefícios da Previdência do setor privado geraria uma despesa extra de R$ 11 bilhões no mesmo período. Como advertiu o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, cada gasto adicional acaba implicando mais imposto. E essa é uma hipótese inviável, pois nem pessoas físicas, nem jurídicas têm condições de contribuir com mais.
O país precisa concluir logo essa etapa no Congresso, que vem se constituindo em fonte de instabilidade, para se concentrar em outras questões relevantes, como a votação do orçamento para o próximo ano. Esse é um aspecto que deveria ficar acima dos interesses de políticos da situação e da oposição, pois impacta todos os brasileiros.