Por Claudio Toigo Filho, CEO da RBS Mídias e membro do Conselho Editorial da RBS
O ano de 2025 começa com o Rio Grande do Sul marcado por cicatrizes profundas. A tragédia das enchentes de 2024 abalou famílias, cidades e a identidade coletiva de um povo que há séculos enfrenta desafios com coragem. Visitantes de fora do Estado chegam aqui e se impressionam com as poucas marcas visíveis da inundação e elogiam a capacidade dos gaúchos de dar a volta por cima. A devastação foi imensa, mas como dizia Winston Churchill em plena Segunda Guerra Mundial: “We shall never surrender” (nunca nos renderemos). Não nos rendemos, e agora nos perguntamos: como reconstruir melhor, como virar a página, como fazer deste novo ano um marco de esperança e ação?
Os veículos da RBS, como Rádio Gaúcha, Zero Hora, GZH e RBS TV, têm sido uma ponte entre a população, as autoridades e as soluções
Na Inglaterra devastada pela guerra, Churchill sabia que a resiliência dependia não apenas de resistência, mas de ambição. Ele inspirou um país inteiro a lutar pelo que ainda não existia: uma nação reconstruída sobre alicerces mais sólidos. O mesmo desafio se apresenta agora ao Rio Grande do Sul. Temos que ir além da reconstrução básica. Como no pós-Katrina em Nova Orleans, o objetivo deve ser o build better, uma reconstrução que não só repara, mas transforma.
No entanto, para que isso aconteça, precisamos enfrentar as realidades de uma cultura instalada no sistema público caracterizada pela burocracia, pela lentidão na execução dos projetos e pela responsabilidade difusa, que não ajuda nem governantes, nem governados. A população tem dificuldade de enxergar um projeto que interligue todas as frentes necessárias. Há recursos disponíveis, mas faltam qualidade nos projetos, velocidade e gestão eficiente. Esse é o grande gargalo, e o papel do jornalismo, em nome do público, é mostrá-lo.
Os veículos da RBS, como Rádio Gaúcha, Zero Hora, GZH e RBS TV, têm sido uma ponte entre a população, as autoridades e as soluções. Nossa missão é clara: cobrar que a reconstrução e a reinvenção do Estado saiam do papel. Não podemos permitir que a tragédia de 2024 vire apenas mais uma história esquecida. Mas também temos que celebrar o que já foi feito, mobilizando a sociedade para avançar. É preciso inspirar e realizar.
Aprendemos muito com as enchentes: sobre a força da solidariedade, mas também sobre nossa vulnerabilidade. Como sociedade, aprendemos pouco em termos práticos. Por isso, em 2025, o desafio é duplo: manter a sociedade resiliente e exigir resultados. Não podemos nos render ao cansaço ou ao pessimismo que pairam no ar a cada chuva. Precisamos de coragem, de otimismo, de ação.
A força de um povo está em sua capacidade de resistir e, mais importante, de se reinventar. Quem vê de fora, se impressiona com a valentia do gaúcho, que tem sua identidade forjada na luta. É ela que nos une e que, em 2025, precisa se transformar em movimento. Vamos virar a página, mas não esquecer do que nos trouxe até aqui. Somos o Estado do futuro, e nossa reconstrução será a prova disso.