O novo julgamento do ex-produtor de cinema Harvey Weinstein, cuja queda em 2017 marcou o início do movimento #MeToo, entra nesta quarta-feira (23) na etapa da apresentação das alegações da acusação e da defesa, após a anulação da primeira condenação por estupro e agressão sexual.
A jornada começou às 10h00 (11h00 no horário de Brasília) com a chegada dos promotores e advogados da defesa antes que o réu entrasse no Tribunal Criminal da Cidade de Nova York em uma cadeira de rodas, seguido pelo juiz e pelo júri popular que determinará sua culpa ou inocência das acusações.
A promotora Shannon Lucey apresentou as acusações ao júri e começou seu argumento repetindo uma de suas citações: "Não aceito um não como resposta".
O ex-magnata do cinema, de 73 anos, volta a sentar no banco dos réus deste tribunal, depois que o Tribunal de Apelações de Nova York anulou, em abril de 2024, a condenação de 23 anos de prisão de 2020 por estupro e agressão sexual.
O fundador, ao lado do irmão Bob, da produtora Miramax deve voltar a ficar frente a frente com suas acusadoras: a ex-assistente de produção Mimi Haleyi e a atriz Jessica Mann, que o denunciaram por agressão sexual e estupro, ocorridos em 2006 e 2013, respectivamente.
- "Um novo olhar" -
Ele também será julgado por uma nova acusação de agressão sexual supostamente ocorrida em 2006 em um hotel de Manhattan. A acusadora permaneceu no anonimato até o momento, mas espera-se que testemunhe no julgamento com seu nome, segundo a advogada Lindsay Goldbrum.
Diagnosticado com leucemia, problemas coronários graves, diabetes, fortes dores nas costas, entre uma longa lista de doenças que o levaram a ser hospitalizado várias vezes nos últimos meses, Weinstein compareceu ao tribunal em uma cadeira de rodas durante o processo de seleção dos 12 membros do júri e seis suplentes, que começou em 15 de abril.
Sete mulheres e cinco homens selarão o destino do ex-produtor de cinema.
O juiz de instrução do julgamento, Curtis Farber, prevê a conclusão do processo para maio, mas não descarta uma prorrogação até o início de junho.
Weinstein espera que o caso seja "visto com um novo olhar", quase oito anos após as investigações do New York Times e da revista New Yorker que provocaram sua queda e o nascimento do movimento #MeToo, considerado como o momento de libertação da palavra de muitas vítimas contra abusos sexuais, em particular no ambiente de trabalho.
- Chuva de denúncias -
Detido na penitenciária de Rikers Island, produtor de sucessos como "Sexo, Mentiras e Videotape", "Pulp Fiction" ou "Shakespeare Apaixonado", Weinstein cumpre atualmente outra condenação de 16 anos, imposta por um tribunal de Los Angeles por estupro e agressão sexual em 2013 contra uma atriz europeia.
Descrito por suas acusadoras como um predador que utilizou sua posição de criador de carreiras na indústria cinematográfica para obter favores sexuais de atrizes ou assistentes, muitas vezes em quartos de hotel, Weinstein sempre alegou que as relações foram consensuais.
Mais de 80 mulheres o acusaram de assédio, agressão sexual ou estupro, entre elas atrizes consagradas como Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow e Ashley Judd.
* AFP