
Começou neste domingo (27) a visitação por fiéis e curiosos ao túmulo do papa Francisco, na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma. Centenas de pessoas fizeram fila desde o início da manhã para conhecer o local.
Tatiana Alva, uma peruana de 49 anos residente no Canadá, não conseguiu conter as lágrimas ao vê-lo:
— Ele era uma figura muito importante pela mensagem que tentava transmitir, pela sua dedicação aos pobres, aos abandonados, aos esquecidos.
Entre as 400 mil pessoas que participaram de sua despedida no sábado (26) pelas ruas de Roma e no Vaticano, estavam muitos jovens que viajaram para a Itália para a canonização adiada de Carlo Acutis, o primeiro santo milenium, que aproveitaram para visitar o local de descanso final de Jorge Mario Bergoglio.
— Eu gostaria de tê-lo visto pessoalmente, mas isso também foi especial. Estou feliz por estar perto dele, um pai que ajudou a todos — diz Julia Graf, uma adolescente austríaca de 13 anos.
O túmulo do 266º pontífice é um reflexo da imagem de simplicidade que ele desejou projetar durante sua vida. Ele está localizado em um lado do templo do século V, em um antigo armário de castiçais, entre dois confessionários.
"Franciscus", seu nome papal em latim, é a única inscrição na lápide de mármore, que vem da região italiana de seus avós. Uma cópia da cruz do "Bom Pastor", que ele sempre usava no peito, completa o conjunto.

Francisco escolheu este lugar por sua proximidade com a imagem da Virgem Maria, Salus Populi Romani, a quem ele rezava antes ou depois de cada viagem. Ele foi o primeiro papa a ser enterrado fora do Vaticano desde Leão XIII em 1903.
— Não acho que o próximo papa será o mesmo, mas espero que ele tenha a mente aberta e seja realista sobre os desafios do mundo de hoje — enfatizou Alva, observando que Francisco "pediu perdão pelo abuso sexual e pelo abuso de nativos americanos".
Muitos fiéis estão preocupados com o perfil de seu sucessor. Seu papado reformista foi marcado pela luta contra a pedofilia na Igreja, pela promoção do papel das mulheres e dos leigos e pelo foco nos pobres e migrantes, entre outros.
Conclave
O termo conclave vem do latim "cum clavis", que significa "a sete chaves" e desperta fascínio há séculos.
Os 135 cardeais eleitores — aqueles com menos de 80 anos — votarão quatro vezes por dia, exceto no primeiro dia, até que um dos candidatos obtenha a maioria de dois terços.
O resultado é comunicado ao mundo por meio da queima das cédulas com um produto químico que emite a esperada fumaça branca e o grito de "Habemus papam".
A data de início pode ser anunciada na segunda-feira (28), quando os cardeais devem realizar sua quinta reunião desde a morte do Papa.
A maioria dos 135 cardeais com poder de voto foram nomeados pelo falecido pontífice, o que não garante necessariamente a eleição de um sucessor.