Os países da União Europeia (UE) estarão "muito melhores" com o acordo de livre comércio com o Mercosul "do que sem ele", afirmou nesta quinta-feira (13) o comissário europeu de Comércio, Maros Sefcovic, no Parlamento Europeu.
"Estaremos muito melhores com o acordo do que sem ele. (...) Une os países do Mercosul a fortes compromissos sobre a luta contra o desmatamento e nos oferece uma plataforma importante para a cooperação em nossa ambição climática", disse.
A UE e os quatro membros fundadores do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) anunciaram em dezembro um entendimento político para o acordo de livre comércio, após 25 anos de negociações.
O acordo, no entanto, enfrenta resistência no Parlamento Europeu entre os partidos de direita, que alegam que, da maneira como foi enunciado, o entendimento prejudicaria os produtores agropecuários.
O entendimento político já havia sido anunciado pelos dois blocos em 2019, mas o texto foi retomado para incluir as preocupações europeias sobre compromissos ambientais.
"Posso assegurar que o acordo alcançado em Montevidéu em dezembro não é apenas um bom acordo, mas também é novo. É diferente e melhor do que o anunciado em 2019", disse Sefcovic no plenário do Parlamento Europeu.
O documento negociado "proporciona uma plataforma crítica de cooperação com os países do Mercosul em nossas ambições comuns de sustentabilidade, com fortes compromissos sobre trabalho e o meio ambiente", insistiu.
Se o acordo provocar desequilíbrios ou afetar gravemente um setor econômico, lembrou Sefcovic, a UE está preparada.
A UE já anunciou que pretende estabelecer um fundo de reserva de "pelo menos um bilhão de euros" (seis bilhões de reais) para os agricultores europeus afetados.
O fundo de reserva será estabelecido no âmbito do próximo orçamento de médio prazo do bloco, que abrange o período 2028-2034 e cuja negociação ainda não começou.
No debate desta quinta-feira, o eurodeputado alemão Bernd Lange, presidente da Comissão de Comércio no Legislativo europeu, disse que "40% do nosso PIB depende do comércio internacional (...) Por isso, precisamos de condições estáveis".
O deputado espanhol Gabriel Mato afirmou que o acordo "não é apenas mais um tratado comercial. Trata-se de falar sobre o futuro. Estamos lidando com nossa capacidade de continuar sendo um ator relevante no comércio global".
Em contrapartida, a eurodeputada francesa Manon Aubry afirmou que o tratado com o Mercosul "é o pior acordo de livre comércio já assinado pela UE".
"Você, senhor Sefcovic, deveria sentir vergonha por defender o acordo", acrescentou.
* AFP