O governo dos Estados Unidos informou, neste sábado (1º), que impôs tarifas de 25% para o Canadá e o México e 10% para a China, como havia prometido o presidente Donald Trump. A Casa Branca disse que os três decretos com as novas tarifas tinham uma cláusula de retaliação, caso os países atingidos pelo tarifaço resolvessem adotar a reciprocidade.
No caso dos itens canadenses, o petróleo escapou do teto da alíquota e foi taxado em 10%. Há ainda a avaliação de que esse índice mais baixo possa cobrir itens como gás natural, energia elétrica e urânio. As novas tarifas entram em vigor na terça-feira (4).
A medida aumentará o custo de fazer negócios com os três maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos e dará início a uma guerra comercial sem precedentes, afirmaram economistas. Isso porque Canadá, México e China respondem por mais de um terço das importações dos EUA, fornecendo carros, remédios, calçados, madeira, eletrônicos, aço e outros produtos.
O presidente dos EUA justifica a medida afirmando que os países têm feito pouco para conter a imigração ilegal e o tráfico de drogas, principalmente fentanil, opioide responsável por uma epidemia de mortes por overdose nos EUA.
Neste sábado, Trump não teve compromissos públicos oficiais. Ele passou o dia em sua casa em Mar-a-Lago, um resort de luxo na Flórida, onde jogou golfe e assinou os três decretos com as novas taxas, informou a Casa Branca.
Nas últimas semanas, as autoridades mexicanas e canadenses se movimentaram para tentar evitar as tarifas. O primeiro ministro canadense, Justin Trudeau, disse, na sexta-feira (31), que o Canadá enfrentaria "tempos difíceis", mas que estão preparados para responder com tarifas retaliatórias se necessário. Ele pontuou que o país investe US$ 900 milhões (cerca de R$ 5,2 bilhões) em um plano de controle da fronteira.
Já a presidente do México, Claudia Sheinbaum, afirmou que seu país agiu para reduzir as travessias ilegais de fronteira e o tráfico de fentanil. Embora tenha afirmado que negociava com o governo norte-americano desde que Trump falou sobre o tarifaço pela primeira vez em novembro do ano passado, ela disse que o México está pronto para responder e que o país tem uma economia muito sólida.
Um estudo do Budget Lab de Yale, centro de pesquisa apartidário, estimou que as tarifas propostas poderiam aumentar os custos das famílias norte-americanas em cerca de US$ 1,3 mil por ano (cerca de R$ 7,5 mil).
Reação política
No Legislativo, democratas apresentaram um projeto de lei que tiraria do presidente a capacidade de impor tarifas sem a aprovação do Congresso. No entanto, é improvável que a proposta avance em uma Câmara e um Senado controlados pelos republicanos.
O senador Chuck Schumer, líder democrata, disse, após os anúncios, que se preocupa com a possibilidade de decretos aumentarem o custo para os consumidores norte-americanos. Nos últimos dias, o político fez publicações no X (antigo Twitter) sobre os itens que podem aumentar de preço por causa das novas tarifas.
"Quando você estiver na fila do supermercado semana que vem e os preços tiverem subido, você vai saber quem culpar: Donald Trump e suas tarifas", escreveu na sexta-feira.