
O médico-cirurgião Caio Gomes, 32 anos, e sua esposa, a empresária Fernanda Diniz, 31, sobreviveram a um naufrágio durante lua de mel nas Maldivas ao dividirem um único colete salva-vidas. O caso aconteceu em 2 de março. A embarcação contava com 45 passageiros e três tripulantes no total, e o casal brasileiro permaneceu na água até a chegada do resgate.
Após deixarem a ilha de Gurah, em uma lancha de portas e janelas fechadas, o médico relatou que, antes da primeira onda atingir o barco e quebrar uma porta interna, havia apenas um forte balanço, que ele considerou normal.
— Depois entrou muita água no barco, mas não chegava a acumular, ela saía. Em seguida, vieram duas ondas fortes e as pessoas começaram a se desesperar, mas como Fernanda e eu vimos os tripulantes calmos, pensamos que era normal e podia acontecer — lembra.
Ao perceber que a tripulação enfrentava dificuldades de contato com a guarda costeira, Fernanda sugeriu que Caio utilizasse o celular para chamar a emergência.
— Imaginei que nunca ia dar certo, porque eu estava com o meu chip daqui do Brasil. Liguei para a emergência, o 191, e para nossa surpresa, atendeu. Passamos o telefone para uma pessoa da tripulação e eles deram as coordenadas ao pessoal da guarda costeira. Acho que isso foi fundamental, porque, com isso, nosso resgate demorou entre 30 e 40 minutos para chegar — disse o médico-cirurgião.
Caio contou ainda que, a partir do momento em que o barco começou a tombar para a direita, a tripulação começou a entregar coletes aos passageiros, ordenando que pulassem na água. O casal de Goiás saiu por último, devido ao alto número de crianças e idosos na embarcação. Os coletes, porém, apresentavam defeitos.
— Tentamos inflar o colete e não deu certo nem pelo dispositivo, nem soprando com um canudo com nossa força. Quando pulamos do barco para nadar mesmo, encontramos um colete boiando perto de nós e dividimos ele até o resgate — explicou.
Após o ocorrido, eles retornaram à ilha de Gurah apenas com as roupas do corpo, sujas com água do mar. As malas foram encontradas no dia seguinte.
— O pessoal do hotel nos acolheu e deu o quarto para secarmos a roupa e, como conseguimos salvar o celular, compramos o básico — lembrou.
Passaporte não foi recuperado
Ele contou ainda que, por conta do ocorrido, precisaram registrar um boletim de ocorrência sobre a perda dos passaportes e outros pertences da mochila perdida no naufrágio para seguir viagem em voos domésticos:
— Com esse documento, conseguimos voltar para a capital e aproveitar a segunda parte da nossa viagem no resort.
O casal contatou a embaixada do Brasil nas Maldivas e obteve autorização de retorno ao Brasil devido à perda do passaporte, que não foi recuperado.
Caio afirma que, mesmo após o naufrágio, não se arrepende do passeio e disse que visitaria as Maldivas novamente — e sem medo:
— Sabemos que foi uma raridade o que aconteceu e nunca houve um acidente como esse lá. E Maldivas é linda demais, além do pessoal ser muito acolhedor. O problema agora é que o dinheiro acabou, se não voltaria — brincou.