
O júri da morte do policial aposentado Lorivan Antônio de Mattos, ocorrida em fevereiro de 2022 em Pontão, no norte gaúcho, condenou pai e filho a 28 anos de prisão. A decisão saiu na noite de terça-feira (11), no Fórum de Passo Fundo.
Os acusados Rodrigo Flávio Domingues e Weliton Gabriel Domingues foram condenados por homicídio qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual e falsa comunicação de crime. As penas são, respectivamente:
- Rodrigo: 28 anos, nove meses e cinco dias de prisão
- Weliton: 28 anos e oito meses de prisão
Jonathan Itamar Hannecker Diniz, terceiro réu no caso, foi absolvido de todas as acusações.
A decisão foi proferida pela juíza Rosali Chiamenti Libardi, que presidiu o júri.
Lorivan foi morto após desentendimento envolvendo a venda de um imóvel rural em Tio Hugo. Segundo as investigações, Rodrigo aplicou o golpe conhecido como "mata-leão" na vítima, causando sua morte.
Em seguida esquartejou, carbonizou e enterrou o corpo em uma lavoura no município de Pontão. Weliton e Jonathan foram acusados de auxiliar na ocultação do cadáver. O crime só veio à tona após a confissão de Rodrigo, que levou a polícia até o local onde os restos mortais estavam enterrados.

O crime teve grande repercussão não apenas pela brutalidade, mas também pelo contexto em que ocorreu e pela reviravolta do caso. Inicialmente, Lorivan e Rodrigo foram dados como desaparecidos, até a confissão do réu. Além disso, eles mantinham uma relação próxima: frequentavam pescarias e até celebravam o Natal juntos.
A investigação, liderada pela delegada Daniela Minetto, concluiu que o crime foi premeditado e envolveu uma série de ações para encobrir o assassinato, incluindo a queima do veículo da vítima. Com a condenação, Rodrigo e Weliton seguirão cumprindo pena em regime fechado.
O que dizem as partes
O advogado Jabs Paim Bandeira, que representou a família de Lorivan junto com Bebiana Deon, avaliou o resultado como justo:
— Creio que 28 anos para cada um foi de bom tamanho. A sociedade de Passo Fundo deu uma resposta clara de que não tolera esse tipo de comportamento.
Já o advogado Manoel Castanheira, que defendeu Rodrigo e Weliton, disse que recorrerá da decisão.
— A defesa entende que houve nulidades graves durante o julgamento, que interferiram na decisão dos jurados. Além disso, a sentença foi manifestamente contrária às provas dos autos — declarou.
Para o promotor de Justiça Antonio Metzger Képes, que atuou em plenário, foi um julgamento justo em um processo complexo, sem testemunhas presenciais. Os dois principais acusados pela morte da vítima foram condenados por quatro delitos, sendo o principal crime, homicídio triplamente qualificado, o que já era esperado pelo Ministério Público (MPRS).
Sobre o réu absolvido, o resultado também era esperado, já que havia menos indícios da participação dele no fato, embora o MPRS tenha convicção do envolvimento dele no caso e tentará reverter, em segunda instância, o resultado em relação ao absolvido.