
O tom do prefeito de Passo Fundo, Pedro Almeida (PSD), foi de cobrança à Corsan/Aegea pela recorrente falta de água na cidade, durante o programa Gaúcha Atualidade, na Rádio Gaúcha, na manhã desta quarta-feira (12).
Em entrevista, Almeida criticou a falta de soluções concretas da empresa e afirmou que a população vive uma situação de falta de água nunca vista antes. O município determinou multas diárias retroativas de R$ 125 mil à empresa. Segundo o prefeito, já são mais de 15 dias sem que a crise hídrica no município seja resolvida.
— Tudo que está ao alcance da prefeitura estamos fazendo, mas a Corsan precisa assumir sua responsabilidade. A população quer água na torneira e isso é o mínimo que podemos exigir — disse Almeida.
Na entrevista, o prefeito lembrou que os problemas com a Corsan/Aegea começaram há mais de 30 dias com denúncias de moradores sobre contas de janeiro com valores abusivos. A prefeitura e a Câmara de Vereadores buscaram entender as irregularidades, mas o problema se agravou com o rompimento de uma adutora responsável por 40% do abastecimento da cidade.
Desde então, diversos bairros têm enfrentado desabastecimento, com a Corsan/Aegea recorrendo a poços artesianos e caminhões-pipa para amenizar o problema.
— É uma situação inaceitável. Isso causa um impacto muito grande na população. Na terça-feira (11), por exemplo, tínhamos 15 bairros sem abastecimento normal — afirmou Almeida.
Almeida afirmou que a prefeitura já tomou diversas medidas, como a abertura de procedimentos no Procon para receber denúncias e a intensificação da fiscalização, mas nada foi suficiente para resolver a crise.
Diante da falta de soluções, a prefeitura determinou a aplicação de multas diárias a partir de 24 de fevereiro. A companhia informou que foi oficiada e deve responder judicialmente no prazo estipulado. Cabe recurso da determinação.
— E vamos cobrar cada vez mais até que o problema seja resolvido. A Corsan precisa entender que não basta dar explicações, é preciso agir — disse o prefeito.
O prefeito ainda afirmou que a Corsan/Aegea tem capacidade técnica para resolver a situação, mas falta empenho em tomar ações emergenciais. No programa, Almeida destacou que Passo Fundo nunca enfrentou uma crise hídrica como a atual, com períodos prolongados de desabastecimento e a necessidade de perfuração de poços e uso de caminhões-pipa.
— Aqui parece ser mais um problema de distribuição do que de falta de água, até porque Passo Fundo não tem escassez do produto, como em outros pontos do Estado, por exemplo — completou.

Corsan reconhece gravidade e cita esforços para estabilizar sistema
Também no Gaúcha Atualidade, a diretora-presidente da Corsan, Samanta Takimi, explicou que a situação em Passo Fundo é complexa e decorre de uma série de fatores, incluindo o rompimento da adutora, que ela classificou como um "sinistro nunca visto antes".
Segundo Takimi, a empresa trabalha para estabilizar o sistema, com a perfuração de novos poços e a instalação de equipamentos adicionais.
— Sabemos do transtorno causado à população, mas estamos acompanhando a situação em tempo real e mantemos diálogo constante com o prefeito, vereadores e líderes comunitários — afirmou.
A diretora ressaltou que o sistema tem capacidade para atender a demanda, mas o consumo elevado e a falta de caixas d'água em muitas residências dificultam a estabilização.
Takimi explicou que o rompimento da adutora ocorreu três vezes seguidas, o que agravou a situação. Após os reparos, a Corsan precisou perfurar novos poços e instalar outros que já estavam em processo de implementação.
Além disso, a empresa tem utilizado caminhões-pipa para abastecer áreas críticas. Ela reconheceu que o calor dos últimos dias também contribuiu para o aumento do consumo, dificultando a estabilização do sistema.
Sobre as contas com valores elevados, Takimi explicou que o reajuste tarifário previsto para julho foi antecipado para janeiro, o que gerou impacto nas faturas. Além disso, a substituição de hidrômetros antigos por novos equipamentos, que identificam vazamentos, contribuiu para o aumento dos valores. Ela garantiu, no entanto, que a situação se normalizará nos próximos meses.
Reunião na próxima semana

Almeida informou que na próxima segunda-feira (17) haverá uma nova reunião entre representantes da Corsan/Aegea, da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos (Agergs) e da prefeitura. Ele espera que o encontro resulte em ações concretas para resolver a crise.
A Corsan, por sua vez, afirma que a normalização do sistema deve ocorrer em breve, mas ressalva que o tempo pode variar dependendo das condições operacionais.
A empresa também destacou que está realizando trabalhos de manutenção, como a limpeza de decantadores e filtros, para garantir a qualidade da água, mesmo durante o período de crise.