Professor emérito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pioneiro na criação de áreas de preservação ambiental no Estado, Luís Rios de Moura Baptista faleceu na quinta-feira (2), aos 88 anos. A causa da morte não foi divulgada.
A informação foi confirmada pelo Instituto Curicaca, ONG fundada em 1997 com intuito de defender a biodiversidade e ecodesenvolvimento. Coordenador técnico da instituição, Alexandre Krob define Baptista como um "mentor" que dedicou sua vida ao cuidado das áreas de preservação da natureza no Rio Grande do Sul.
— É o principal mentor da criação de Unidades de Conservação da Natureza no Rio Grande do Sul e um dos que mais dedicou a vida para que (as áreas) fossem bem cuidadas pelos gestores públicos — expressou Alexandre Krob, coordenador técnico do Instituto Curicaca.
O velório ocorreu nesta sexta-feira, no Cemitério São Miguel e Almas, em Porto Alegre. Luís Rios de Moura Baptista deixa um filho, Daniel Baptista.
Trajetória
Luís Rios de Moura Baptista foi um dos nomes mais ativos na luta pela preservação ambiental e tinha amplo conhecimento sobre a natureza e sua importância. Graduado em História Natural, também obteve os títulos de doutor e livre docência em Botânica pela UFRGS.
Foi membro da Comissão Verde, órgão criado pelo governo gaúcho na década de 1970 para definir áreas de proteção ambiental no Rio Grande do Sul.
"Teve uma contribuição significativa para o Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC), pois foi um dos responsáveis por definir as áreas estratégicas para criação das primeiras Unidades de Conservação do Estado", diz trecho da nota de pesar divulgada pela Associação dos Servidores da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (AsSEMA).
Ao lado de outros colegas na luta pela preservação ambiental, adquiriu áreas importantes e estratégicas em situação de riscos para assegurar a proteção. Um exemplo é a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), em Dom Pedrito de Alcântara, no Litoral Norte, onde está um dos vestígios de Floresta Ombrófila Densa de terras baixas – área doada para os cuidados da Instituto Curicaca.
Também articulou a aquisição de uma área próxima ao Parque Estadual de Itapeva, para preservar os últimos butia catharinensis presentes no Rio Grande do Sul, e outra em Mariana Pimentel, para proteger a palmeira-juçara, espécie ameaçada de extinção.
Sua atuação foi fundamental para a criação da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica no Rio Grande do Sul, destaca a AsSEMA.
Professor emérito da UFRGS
Também trilhou uma carreira acadêmica de extrema relevância para a área. Lecionou durante meio século na UFRGS, onde orientou dezenas de alunos e foi outorgado como professor emérito em junho de 2016.
Em sua trajetória na universidade, atuou como aluno-assistente, professor instrutor, professor assistente, professor adjunto, professor titular, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Botânica e chefe do Departamento de Botânica.
Aposentou-se em 1990, quando passou a exercer o cargo de professor colaborador convidado do Programa de Pós-Graduação em Botânica e do Departamento de Botânica da UFRGS. Sua trajetória "se confunde com a história do Departamento de Botânica", destacou a própria universidade em nota divulgada na época que Baptista recebeu o título emérito.
"Ele representa um dos pilares da construção desse Departamento. Sua atividade de ensino e pesquisa caracterizou-se por uma percepção visionária, antevendo a necessidade de desenvolvimento de campos inexistentes nos primórdios do Departamento, como a implantação do setor de Ficologia e da área de Ecologia Vegetal, bem como o desenvolvimento da Taxonomia de Angiospermas", diz trecho da nota da UFRGS.