Em entrevista ao Gaúcha Atualidade na manhã desta sexta-feira (20), representantes de empresas que integram o projeto editorial Retoma RS, destinado a valorizar boas ações de sustentabilidade ambiental, social e de gestão, falaram sobre a importância e a urgência de se popularizar o entendimento e aplicação de práticas ESG.
Os presidentes da Randoncorp, Daniel Randon, e do Instituto Aegea, Édison Carlos, e o CEO das Lojas Renner, Fábio Faccio, apontaram os esforços que suas companhias vêm empregando para promover modelos de negócios mais sustentáveis e éticos, e também para engajar comunidade, os colaboradores e os parceiros.
Faccio ilustrou com a tragédia climática que assolou o Rio Grando Sul em maio a necessidade de conscientizar a população de que pensar o meio ambiente é um assunto de interesse coletivo, "importantíssimo e urgente".
— Nosso time é muito engajado com esse tema, e a gente entende que tem de comunicar para que as pessoas se engajem também. A gente começou, 15 anos atrás, na coleta de resíduos, de embalagens e também de roupas. A gente tem 80% dos nossos itens com menos impacto ao meio ambiente, seja pela matéria-prima reciclada, refibrada ou certificada, seja pelo modelo produtivo, usando menos água, menos energia, menos químicos. Falar sobre isso, contar sobre isso, vai criando um pouco de consciência. Mas, infelizmente, a maior consciência sobe quando a gente vê desastres climáticos como a gente viu aqui no nosso Estado — reforçou Faccio, líder da empresa que conta com mais de 600 lojas no Brasil, Argentina e Uruguai.
Dirigente de uma companhia de saneamento que atende a mais de 50 cidades, Édison Carlos reforçou que o tema ambiental é "o coração" da Aegea, que investe em um setor de engenharia para acompanhar as questões climáticas ao mesmo tempo em que faz do contato direto com os clientes uma oportunidade de disseminar informação e auxílio em questões práticas.
— No caso do saneamento, um tema muito importante e que há muita dificuldade no Brasil inteiro é conectar a casa à rede de esgoto. A pessoa não quer conectar, porque pensa na conta, na pequena obra dentro de casa para poder fazer com que o esgoto chegue até a rua, e não faz. Está resolvido: meu esgoto está indo para algum lugar. O problema é: para onde? Então, a gente fala muito isso nas visitas, a gente faz muito porta a porta, principalmente nos bairros mais pobres. E ensinamos a pessoa a procurar os mecanismos que a cidade tem — exemplificou.
À frente de uma das maiores empresas do setor automotivo brasileiro, Randon destacou o investimento da companhia em tecnologias disruptivas e o comprometimento da cadeia automotiva com a meta de redução de carbono. E enfatizou que a conscientização ambiental passa por educação e oportunidades:
— Não adianta falar em cuidar do meio ambiente se as pessoas não têm nem educação básica, saneamento básico, às vezes não conseguem nem alimentação adequada. No nosso caso, continuamos investindo muito, há mais de 20 anos, no Instituto Elizabeth Randon, com o projeto Florescer, com mais de 350 jovens no contraturno escolar. Ali, temos a oportunidade de influenciar esses jovens a entenderem a importância do meio ambiente, de terem consciência na utilização da água e do descarte também do próprio lixo. Temos parcerias com Sesi e Senai na profissionalização desses jovens. Porque não adianta a gente querer falar do meio ambiente sem cuidado social, sem ter negócios que gerem oportunidade para continuar investindo e gerando empregos.