Após os recentes conflitos entre imigrantes venezuelanos e moradores brasileiros em Pacaraima, Roraima, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sérgio Etchegoyen, afirmou nesta segunda-feira (20) que o governo federal não poupa esforços para solucionar a situação. Segundo ele, há “uma questão humanitária” por trás da crise migratória no Estado.
— A lei brasileira de imigração determina que devemos acolher essas pessoas, com dignidade. Temos uma legião de famintos que chegam diariamente atrás de comida e remédios. Nossa fronteira é de cooperação, não de ódio. Vamos imitar lugares onde há muros? Não faz parte da nossa história, nunca fez — disse, em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha.
Etchegoyen informou que um abrigo de transição vai ser implantado na capital de Roraima, Boa Vista, para o acolhimento dos venezuelanos, além da manutenção dos locais já existentes. Outra medida citada pelo ministro é o envio da Força Nacional de Segurança ao Estado, confirmado pelo presidente Michel Temer no domingo (19).
De acordo com o Etchegoyen, desde o início da crise imigratória, 820 venezuelanos foram “interiorizados” – ou seja, levados de Roraima para outros Estados. O ministro, contudo, reconheceu que “é pouco”, mas afirmou que o número deve aumentar nas próximas semanas.
— Não é fácil convencer os Estados e os municípios (a receber os imigrantes) — disse.
Apreensão em Roraima
O secretário do Gabinete Institucional do governo de Roraima, Marcelo Lopes, chamou a atenção para o fluxo migratório que Pacaraima recebe. Segundo ele, o município – que fica entre a capital Boa Vista e a Venezuela – recebe uma população flutuante de 10 mil pessoas, o dobro de sua população permanente. Ainda segundo ele, 800 pessoas chegam por dia no local.
— A crise social da Venezuela fez com que 100 mil atravessassem a fronteira. Quando se pensa no Brasil, com 200 milhões, parece um problema pequeno. Mas em um Estado pequeno, com recursos limitados e com população total acrescida em um terço, em menos de dois anos, dá para que as pessoas tenham uma dimensão do que está acontecendo aqui, nas questões sociais, nos serviços públicos e na infraestrutura — afirmou. — Vai muito além do que enviar homens da Força Nacional — completou.