O número de presos em carceragens provisórias em Porto Alegre e Região Metropolitana chegou a um novo recorde na segunda-feira (11). Havia 438 pessoas aguardando para entrar no sistema prisional. O antigo máximo era 269, atingido em 16 julho deste ano.
O número foi alcançado após a soma dos detidos em delegacias e viaturas em Alvorada, Canoas, Gravataí, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Viamão e Porto Alegre, que abriga, também lotados, dois centros de triagem e a ala provisória do Instituto Penal Pio Buck.
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Uma das situações mais complicadas é enfrentada pela Central de Polícia de Novo Hamburgo. Na madrugada desta terça-feira (12), 12 homens dormiam no chão, em uma estrutura ao lado da Delegacia. Eles estavam presos em cadeiras, portas e até em um balizador de trânsito.
Segundo o delegado Rosalino Seara, diretor da Polícia Civil na região, os presos foram colocados no local após várias depredações na unidade.
— A gente ficava com a delegacia superlotada e eles quebravam tudo. Quebravam até cadeira, fizeram buraco em parede, fugiam. Não tínhamos mais dinheiro para arrumar, só os empresários vinham nos ajudando. A gente não tinha condições nem de atender às pessoas — lamenta o diretor da polícia.
Ele lamenta, também, que a situação interfira no trabalho policial.
— Como vamos fazer operação se já está lotado, se não tem onde botar preso? — diz Seara.
Responsável por todas as delegacias da Região Metropolitana, o diretor do Departamento de Polícia Metropolitana, delegado Fábio Motta Lopes, detalha que até as estatísticas dos crimes no Estado podem estar prejudicadas. Vítimas estão desistindo de registrar boletim policial.
— Além de policiais serem retirados da atividade fim para cuidar de presos, vítimas estão desistindo de comunicar ocorrência em razão da presença de número elevado de presos — afirma Motta Lopes.
Outra situação problemática é Gravataí. O delegado Felipe Borba revelou em entrevista ao Gaúcha Atualidade que uma das testemunhas do violento crime em que dois primos foram gravados cavando a própria cova e depois sendo executados foi intimidada quando depôs na Delegacia de Homicídios. Ela acabou encontrando um dos envolvidos no crime, que estava preso em uma viatura da Brigada na frente da DP.
O que dizem as autoridades
A Susepe diz que um novo centro de triagem, também no pátio do Presídio Central, será aberto até novembro deste ano. A expectativa da Superintendência é que a estrutura tenha 112 vagas.
A Secretaria de Segurança Pública afirma que seguem os trâmites para a abertura definitiva do Presídio Estadual de Canoas, que está prevista para o início do ano que vem. Além disso, segundo a pasta, a intenção é abrir mais uma galeria até o final do ano, com mais 140 vagas. A pendência atual é de agentes penitenciários, que estão em um curso de formação.
Lotação das unidades na segunda
Centro de Triagem 1 (Porto Alegre): 60
Centro de Triagem 2 (Porto Alegre): 110
2ª DPPA (Porto Alegre): 4
3ª DPPA (Porto Alegre): 3
Brigada Militar (Pio Buck): 76
Canoas: 61
Alvorada: 26
Gravataí: 36
Viamão: 25
Novo Hamburgo: 16
São Leopoldo: 21