Delegado Anselmo Cruz, da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil, em Florianópolis, fala sobre como agem os grupos criminosos, quais as dificuldades em prevenir este tipo de crime e os esforços das forças de segurança em reprimi-los.
Como a polícia está agindo nesta nova onda de assaltos?
Tivemos uma última ação exitosa em fevereiro, em São João Batista, onde houve o confronto com integrantes da quadrilha e presos num grupo de 15 pessoas ao total. Nesse meio tempo, outras quadrilhas vieram agir em SC, sempre com fortes suspeitas de serem de fora, principalmente do Paraná.
É a mesma quadrilha que age em SC?
Em Fraiburgo e Rio dos Cedros, tudo indica que seja a mesma, mas existem outras ações. A gente está falando de quadrilhas diferentes agindo no Estado. Por isso, ocorre esse aumento de estatística.
Quais são as dificuldades da polícia?
Efetivamente são quadrilhas bem estruturadas e que usam de grande logística. Escolhem cidades pequenas no interior, sem efetivo policial que permita reação imediata, cerco, isolamento e que, em geral, tem feito movimentação de fora do Estado para agir aqui. Tem a imensa fronteira seca com o Paraná, são centenas de acessos de estradas de chão, rodovias que permitem sair e cruzar sem dificuldade de madrugada. Isso facilita a ação deles. O carro entra e sai de madrugada, roda centenas de quilômetros sem dificuldade.
Há policiais que defendem a criação de uma força-tarefa para investigar. O senhor concorda com isso?
O policiamento preventivo sempre vai inibir de alguma maneira. Mas depende de informação também. Vai ter maior sucesso quando houver apontamentos e cada polícia tem a sua atribuição legal. À Polícia Civil cabe investigar o que acontece depois do crime, identificar e responsabilizar os autores.
Não estaria na hora de uma nova estratégia na segurança?
Falta de policiamento: estamos falando de cidades com até 5 mil habitantes, mas que tem um ou dois PMs e um policial civil. Durante 364 dias do ano não existe demanda naquela cidade que justifique aumento de policiamento, nem acontece crimes. Mesmo se houver ação desse tipo de quadrilha, seis policiais não teriam condição de enfrentar porque estamos falando de quadrilhas numerosas com armamento muito pesado e ainda com uso de escudo humano.
O senhor foi baleado em uma ação da Deic contra uma quadrilha. Como é estar à frente das investigações novamente?
Eu fui atingido por um estilhaço. A força continua a mesma, a equipe não parou. A Divisão de Roubos e Antissequestro permanentemente tem se preocupado e dedicado a identificar e responsabilizar esses indivíduos. Desde a metade do ano passado tivemos três quadrilhas desarticuladas.