A nova secretária do Turismo de Caxias do Sul pretende deixar duas marcas na sua gestão: os sentimentos de valorização e pertencimento do turismo local com os caxienses, e o reconhecimento da cidade como parte integrante de uma rota turística que inclui Bento Gonçalves, Gramado e Canela. A turismóloga Renata Carraro, 29 anos, tem a missão de conduzir a aposta do segmento empresarial como a nova matriz produtiva da cidade.
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Para isso, pretende iniciar um trabalho de mobilização do trade turístico, e vai propor atrativos para o Parque da Festa da Uva como maneira de desenvolver o setor. A intenção é abrir todas as casas da réplica de Caxias do Sul de 1885, que estão instaladas no Parque. Com poucos recursos, a secretária diz que vai trabalhar na divulgação dos roteiros turísticos por meio do site da Secretaria (caxias.tur.br) e das redes sociais.
Renata é uma das pessoas de confiança do prefeito Daniel Guerra (PRB). Ela foi estagiária na Secretaria de Turismo durante três anos, quando Guerra era o titular da pasta, e também foi assessora na Câmara de Vereadores.
O Pioneiro conversou com a nova secretária no final de janeiro. Confira os principais trechos da entrevista:
Qual o principal desafio do turismo caxiense?
Renata Carraro: O principal é mobilizar o trade turístico para que esteja à disposição do turista e motivar para que eles estejam sempre com as portas abertas para os visitantes. O trabalho vai se baseado na qualificação e reestruturação dos roteiros turísticos. Queremos estimular que todos (os roteiros) permaneçam, e descobrir novos atrativos. O último roteiro que foi feito, o Caminhos do Interior, a gente tem pouco conhecimento, temos que ver o que tem de atrativo e pode ser explorado e descobrir novos empreendimentos que não estão explorando a atividade. Estamos fazendo uma atualização de todos os empreendimentos que fazem parte de todos os roteiros, muitos estavam sendo divulgados, mas não estão mais em funcionamento.
Como a senhora classifica os roteiros?
Vejo muito potencial, mas o que precisa, ainda, é ter mais divulgação, de receber (os turistas), de ter mais opções de portas abertas. As vezes, as pessoas visitam os roteiros, mas o restaurante está fechado, o museu está fechado, e o turista acaba não voltando. Por enquanto, visitei o roteiro de Criúva e pretendo visitar todos os roteiros neste mês. Nesse primeiro momento foquei nas visitas aos quiosques (Centro de Atenção ao Turista - CAT).
O que percebeu nas visitas aos CATs?
A gente vai trabalhar muito com a qualidade no atendimento. Já estamos prevendo a visitação de todos os atendentes aos roteiros, aos nossos atrativos. Tivemos o fechamento do quiosque de Criúva por falta de estrutura do local, não tinha identificação de que era um Centro de Atenção ao Turista e o atendente ficava atrás do monumento em uma sala que não era acolhedora. A gente deslocou o estagiário de Criúva para atender aqui na Festa da Uva. Nosso planejamento é de que o Parque (da Festa da Uva) se tornasse um atrativo o ano inteiro.
Como a cidade pode se reinserir no roteiro turístico entre a região das Hortênsias e Bento Gonçalves?
Precisamos resgatar as agências de turismo que deixaram de vir a Caxias. É difícil fazer um planejamento para o turismo para médio e longo prazo se a gente acaba perdendo o que se tem consolidado. A igreja de São Pelegrino é o ponto turístico mais visitado da cidade.
Como a secretaria pode auxiliar os roteiros turísticos da cidade?
O poder público sem a iniciativa privada não faz nada no turismo. A secretaria pode auxiliar na divulgação e na formatação dos roteiros interligados para que todos possam compartilhar dos mesmos turistas. E também fazendo contato com as agências de turismo para que conheçam a cidade.
Qual o orçamento da pasta para 2017 e onde a senhora pretende investir o recurso?
O orçamento total é R$ 2,9 milhões, mas quase R$ 1 milhão é gasto com pessoal. O prefeito pediu para trabalhar com austeridade. Eram seis CCs, e hoje são dois (Renata e outra turismóloga). Tem eventos que não podemos deixar de participar como o Clic Fotográfico, mas vamos buscar parceria para desembolsar o mínimo possível. O Dia do Vinho e a Semana do Turismo são os eventos que a secretaria mais se envolve. A gente vai fortalecer os nossos eventos, fazer material de divulgação e trabalhar muito com o site e mídias sociais. O projeto Educação para o Turismo, leva estudantes dos 4º anos das escolas da rede municipal para conhecer nossos atrativos. Vamos incentivar a participação de alunos das redes estadual e particular. O custo é com transporte e material de divulgação específico, mas ainda estamos fazendo um levantamento.
A senhora comentou que pretende propor atrativos para o Parque da Festa da Uva. Quais são eles?
Isso não depende só da Secretaria de Turismo, mas também de quem administra o Parque da Festa da Uva. Vamos conversar com eles para que as réplicas abram e tenham funcionamento, que o museu abra no mesmo horário dos outros. A gente pretende que o Parque funcione todos os dias, durante todo o ano. Também estamos estudando qual o meio mais viável para fazer o (espetáculo) Som & Luz funcionar. O último espetáculo aconteceu durante a Festa da Uva. Tenho algumas ideias para atrair mais visitantes e estamos estudando, mas nada que eu possa abrir.
E qual a situação da Cidade de Rolhas?
Também recebemos fechada. A Cidade de Rolhas funcionou durante a Festa da Uva e depois foi fechada. A gente precisa fazer uma manutenção para colocar em funcionamento. A minha opinião é que a gente tem que manter aberta para visitação.
Que marca pretende deixar na sua gestão?
Gostaria muito de tornar a cidade reconhecida e que o fluxo de turistas aumente como Bento, Gramado e Canela, e que a gente se sinta parte desse meio turístico. Gostaria que os visitantes e que o cidadão caxiense percebam que a cidade tem potencial para o turismo e que a gente pode explorar essa matriz econômica. É uma oportunidade de gerar empregos na nossa cidade. O interior tem muito potencial.
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André Tajes
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