
A história da Semana Farroupilha de Caxias do Sul não está registrada em livros, mas na memória de quem viveu os primórdios. Por esse motivo, a coordenadoria da 25ª Região Tradicionalista irá resgatar o passado em uma mesa redonda na Casa do Gaúcho, às 20h de hoje. O evento é aberto ao público e antecede a abertura dos festejos, programada para quinta-feira.
Se hoje a festança leva milhares aos pavilhões da Festa da Uva, nos primórdios sequer haviam os acampamentos.
– A Semana Farroupilha era reverenciada dentro de cada entidade tradicionalista. Hoje, ela ganhou esse contexto pela quantidade de povo que está aderindo – lembra Luiz Antônio Pereira, 62 anos, ou somente Xiru Pereira, que participará do bate-papo.
O tradicionalista chegou em Caxias do Sul em 1971. As comemorações já existiam na cidade e foram puxadas pelo CTG Paixão Côrtes, que acampou na Praça Dante Alighieri em 1968. Após, as festividades passaram a ser de forma itinerante. Cada entidade tradicionalista fazia uma janta e convidava os demais centros para uma noite de Penha Criola (momento de música e trova).
– Formava-se uma tertúlia e sem custo para ninguém. Na outra noite, íamos para outros centros. Ali rolava um trago de canha, uma palestra, poesia, um gaitaço. Era uma integração – relata Pereira.
O movimento de acampamentos só começou metade dos anos 1980. O primeiro foi na Praça da Bandeira, em São Pelegrino. Nos anos seguintes, seguiu para o Parque da Imprensa e para o Parque Cinquentenário e, por fim, nos pavilhões da Festa da Uva.
– O CTG Campo dos Bugres deu o primeiro impulso. Ali (na Praça da Bandeira) se colocou umas caixas de som e reunia-se o povo – destaca Xiru.
As comemorações evoluíram e agora têm estrutura para receber acampamentos, seja em meio às árvores ou sob os pavilhões. Essa história, que será contada amanhã, quase teve um hiato neste ano: por falta de verbas, se cogitou cancelar a festa, o que seria um atraso na visão dos tradicionalistas. Até porque ela aproxima os jovens da cidade da cultura gaúcha. E nada mais próximo das raízes do que que os acampamentos na área verde dos pavilhões.
– Nos rodeios de antigamente, o que mais gostávamos era acampar onde tinha um capão e uma cancha do lado. Ainda mais para quem está embretado nessa mata cinza da cidade. Quando sobra um pedaço assim, não queremos saber de galpão ou pavilhão: é uma lona por "riba" e uma churrasqueira. E a mata representa muito a nossa história, onde os farrapos se entrincheiravam para defender o seu chão – conclui Xiru Pereira.