Quem nunca se deixou levar pela aparência de uma embalagem colorida ou por uma propaganda na televisão que deu água na boca e fez comer um produto pelos olhos? Os atrativos nas prateleiras do supermercado podem ser tentadores, mas, cuidado! Nem tudo é o que parece ser.
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De acordo com a nutricionista Maria Amália Rodrigues, do Serviço de Nutrição e Dietética do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), os rótulos podem enganar. Isso acontece frequentemente com alguns tipos de alimentos.
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- "Não contém colesterol"! O colesterol só vai estar presente em alimentos de origem animal, então, é óbvio que azeites e óleos vegetais não possuem. Outra é o "light": para ser light, deve ter redução de algum ingrediente em comparação com a fórmula normal do produto. Não, necessariamente, será uma redução de gordura ou de calorias. Para fugir dessas falsas informações, é fundamental ir às compras com calma e tempo. Com tantas variedades, é importante comparar não só o preço, mas também a composição dos produtos que estamos adquirindo - explica Maria Amália.
Dicas para não errar na escolha
- Leia a lista de ingredientes, evitando alimentos que contenham açúcar ou sal entre os primeiros da lista. Os ingredientes aparecem por ordem de quantidade, da maior para a menor
- Fuja dos que têm muitos ingredientes dos quais você não nunca ouviu falar (isso quer dizer que há grandes chances de terem passado por uma série de processos industriais e estejam longe de ser natural).
- Confira, na parte de cima da tabela nutricional, a que porção os ingredientes se referem. Na maioria das vezes, a porção indicada não corresponde ao conteúdo total da embalagem. Muitas vezes, as indicações nutricionais se referem apenas a uma colher de sopa ou a uma xícara do produto.
- Verifique as porcentagens de valor diário (%VD) recomendado. Assim, já é possível saber se está ingerindo grande parte do que seria saudável consumir em um dia. Os três nutrientes que merecem mais atenção são: calorias, gordura saturada e sódio.
- Observe as quantidades de fibras, minerais e vitaminas, mas seja crítico: um alimento que tenha vitaminas adicionadas, mas muitas calorias e gorduras, por exemplo, não é dos mais saudáveis.
- Opte por produtos com baixo %VD para gorduras saturadas, gorduras trans e sódio, e produtos com alto %VD para fibras alimentares.
- Sempre cheque o prazo de validade e a origem do produto.
Mudança de hábito
Dados do Ministério da Saúde mostram que cerca de 70% das pessoas consultam os rótulos no momento da compra. Contudo, mais da metade não compreende adequadamente o significado das informações. Para a nutricionista Maria Amália Rodrigues, o conteúdo das embalagens poderia ser mais claro, mas é preciso interpretar:
- A interpretação das informações depende do conhecimento do consumidor. A escolha correta dos alimentos, saber a procedência, validade, composição, se há substâncias alergênicas ou proibidas em certos tipos de doenças acaba sendo uma escolha com segurança, de uma alimentação com qualidade.
Há 10 anos, a administradora Michele Rossato, 34 anos, decidiu mudar os hábitos alimentares e assumiu uma dieta mais saudável. Junto, ela ficou muito mais atenta aos rótulos:
- Tudo começou depois que fui ao endocrinologista. Passei a cuidar os percentuais de gordura e optar por produtos com redução de açúcar. Também gosto de pesquisar sobre alimentação.
Decifre os ingredientes
Em seu portal, a Anvisa disponibiliza materiais que esclarecem e orientam a leitura correta do que está descrito nos rótulos.
Valor energético - Energia produzida pelo corpo proveniente dos carboidratos, proteínas e gorduras totais. Na rotulagem nutricional, o valor energético é expresso em forma de quilocalorias (kcal) e quilojoules (kJ). Essa última é outra forma de medir o valor energético dos alimentos, sendo que 1 kcal equivale a 4,2 kJ.
Carboidratos - São os componentes dos alimentos cuja principal função é fornecer a energia para as células do corpo, sobretudo, ao cérebro. Estão em maior quantidade em massas, arroz, açúcar, mel, pães, farinhas, tubérculos (como batata e mandioca) e doces em geral.
Proteínas - São componentes dos alimentos necessários para construção e manutenção dos nossos órgãos, tecidos e células. Estão em carnes, ovos, leites e derivados, e nas leguminosas (feijões, soja e ervilha).
Gorduras totais - As gorduras totais se referem à soma de todos os tipos de gorduras encontradas em um alimento, tanto de origem animal quanto de origem vegetal. São também são as principais fontes de energia do corpo e ajudam na absorção das vitaminas A, D, E e K.
Gorduras saturadas - Estão em alimentos de origem animal como carnes, toucinho, pele de frango, queijos, leite integral, manteiga e iogurte. O consumo de grandes quantidades pode aumentar o risco de doenças do coração. Alto %VD significa que o alimento apresenta grande quantidade de gordura saturada em relação à necessidade diária de uma dieta de 2000 Kcal.
Gorduras trans ou ácidos graxos trans - Encontradas em grandes quantidades em alimentos industrializados como as margarinas, biscoitos, sorvetes, salgadinhos e alimentos fritos que utilizam as gorduras vegetais hidrogenadas na sua preparação. O organismo não necessita desse tipo de gordura que, consumida em grandes quantidades, pode aumentar o risco de doenças do coração. Não se deve consumir mais que 2 gramas de gordura trans por dia. O nome trans vem do tipo de ligações químicas que esse tipo de gordura apresenta.
Fibra alimentar - Está em alimentos de origem vegetal, como frutas, hortaliças, feijões e alimentos integrais. A ingestão de fibras auxilia no funcionamento do intestino.
Sódio - Está no sal de cozinha e em alimentos industrializados (salgadinhos, molhos prontos, embutidos, produtos enlatados com salmoura). O consumo excessivo pode levar ao aumento da pressão arterial. O ideal é o consumo de 1 colher rasa de chá por dia.
Dê olho no rótulo
Saiba como fugir de armadilhas decifrando as informações nutricionais de produtos
Para não errar na compra, veja como decifrar os ingredientes descritos nos rótulos
Alessandra Noal
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