A virtual queda do governo do Iêmen, na qual a milícia xiita Houthi, que controla regiões do norte do país, teve um papel importante, parece ser apenas um capítulo da instabilidade que grassa na região. Há indícios de que desdobramentos dramáticos poderão ocorrer também no Bahrein, emirado do Golfo Pérsico em que uma família real sunita reina sobre uma população empobrecida e majoritariamente xiita. O país serve de base à 5ª Frota americana, principal cunha das forças armadas dos Estados Unidos na região.
O principal clérigo xiita do país, xeque Ali Salman, que está preso desde o final de dezembro, foi acusado de conspiração para derrubar o governo. Desde que Salman foi levado ao cárcere, protestos sacodem os vilarejos do interior do país. Em 2011, no auge da chamada Primavera Árabe, o país havia sido palco de manifestações pelo fim do regime, que só foram silenciadas depois que a Arábia Saudita deslocou forças para suprimir a revolta em comum acordo com as autoridades locais.
Diferentemente do primeiro levante, que não teve contrapartida em países vizinhos, o atual estado de tensão coincide com o agravamento de guerras civis no Iraque e no Iêmen. É por isso que os Estados Unidos já advertiram a família real para o potencial explosivo da prisão de Salman.