
Passado um ano da enchente de 2024, as áreas do Rio Grande do Sul que foram afetadas pelas águas seguem relegadas a segundo plano no que diz respeito a investimentos da construção civil. As empresas do setor seguem evitando negociar terrenos e lançar empreendimentos na chamada “mancha” da enchente, isto é, em endereços que foram diretamente afetados pelas falhas na proteção contra cheias.
A análise foi feita pelo diretor para assuntos de Habitação de Interesse Social do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), Ricardo Prada, em entrevista ao programa Gaúcha Faixa Especial, da Rádio Gaúcha.
— É bastante decisivo, eu diria. O que é feito naturalmente… todas as empresas acompanham, na hora que há uma oferta de terrenos ou que se há uma busca ativa de terrenos, prioritariamente se procuram áreas que não foram afetadas (pela enchente) — diz Prada.
Conforme o diretor do Sinduscon-RS, o setor espera que os sistemas de defesa garantam segurança contra cheias no futuro, mas que, até que isso se concretize, a enchente de 2024 é o balizador de áreas mais suscetíveis nas cidades.
— Porque se acontecer (outra enchente), tomara que não, vamos bater na madeira, se todas as necessidades forem feitas para poder suprir um problema futuro, se de um modo geral se fizer tudo que tiver que fazer, e mesmo assim vier a acontecer um problema futuro, se imagina que as áreas que não foram afetadas em 2024 não serão afetadas de novo. Nesse contexto é seguro para você, para a empresa e para o mutuário, adquirir um terreno que não foi afetado na última calamidade, que foi a maior de todos os tempos — acrescentou Prada.
Na mesma entrevista ao Gaúcha Faixa Especial deste domingo (20), o diretor do Sinduscon-RS lembrou que a recomposição dos sistemas de proteção contra cheias são importantes para garantir o crescimento ordenado das cidades e evitar territórios sem investimento da construção civil.
— Na hora que você vai buscar um imóvel para fazer um empreendimento, é natural que a gente observe qual foi a mancha de inundação e obviamente a gente tenta evitar ou não faz, na verdade, negócios em terrenos que foram afetados (pela enchente de 2024). Isso é fato. Eu digo que o Estado como um todo terá que se unir para poder ter proteção hídrica para as cidades, para permitir que haja um crescimento ordenado. E eu falo de um modo geral. Porto Alegre teve, principalmente no Centro, um pedaço da Zona Norte, afetado. Mas se pegar Canoas, São Leopoldo, elas foram muito afetadas. Hoje há um receio grande dessas cidades sobre para onde ir — destacou Prada.
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