
Uma fala do presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, gerou polêmica no Brasil nesta terça-feira (18). O dirigente afirmou que a ausência de brasileiros na Libertadores é algo impossível, como "Tarzan sem Chita".
A fala ocorreu após o sorteio dos grupos da competição continental, nesta segunda, na sede da entidade, em Luque, no Paraguai. O vídeo do momento viralizou nas redes sociais. A entidade deve se manifestar sobre o assunto ainda nesta terça.
Desculpas
— Em relação a minhas recentes declarações, quero expressar minhas desculpas. A expressão que utilizei é uma frase popular e jamais tive a intenção de menosprezar nem desqualificar ninguém. A Conmebol Libertadores é impensável sem a participação de clubes dos 10 países membros — disse Domínguez.
— Sempre promovi o respeito e a inclusão no futebol e na sociedade, valores fundamentais para a Conmebol. Reafirmo meu compromisso de seguir trabalhando por um futebol mais justo, unido e livre de descriminação — concluiu o dirigente.
Domínguez usou a expressão após ser questionado pelos repórteres na zona mista sobre a sugestão de Leila Pereira, presidente do Palmeiras, de os clubes brasileiros se filiarem à Concacaf em resposta às ações da Conmebol contra o racismo.
— Isso seria como Tarzan sem Chita. Impossível — disse Domínguez, em tom descontraído.
Tarzan é um personagem fictício, criado por Edgar Rice Burroughs, em 1912. Humano, ele vive como um selvagem após ser criado por animais. A produção ganhou popularidade na década de 1930, com uma série televisiva, na qual o protagonista contracenava com Chita, um chimpanzé macho, mas que interpretou uma fêmea na série.
Racismo e a Conmebol
A fala de Domínguez acontece uma semana depois do caso de racismo contra Luighi, do Palmeiras, em partida da Libertadores sub-20. O presidente falou sobre o caso durante o evento desta segunda, afirmando que a Conmebol não é indiferente ao tema e que toma todas as medidas que estão ao seu alcance para inibir casos de discriminação.
— Não posso seguir sem falar de racismo. Um problema muito grande que o futebol enfrenta. Gostaria eu também de abordar uma questão que nos desafia. O racismo é um flagelo que não tem origem no futebol, na sociedade. Mas afeta o futebol. A Conmebol é sensível a essa realidade. Como pode não ser? À dor do Luighi —disse o mandatário antes do sorteio.
O dirigente preferiu discursar em português em vez de espanhol ao falar sobre o tema como uma maneira de se dirigir ao público do Brasil. Por questões de agenda, contudo, ele não se encontrou com membros da comissão palmeirense para tratar especificamente do assunto, assim como não se reuniu separadamente com qualquer membro de outro clube.
Na última semana, o time paulista iniciou um movimento entre clubes brasileiros contra o racismo, logo após o episódio envolvendo o jovem na disputa da Libertadores sub-20, em partida contra o Cerro Porteño. Além disso, o Alviverde entendeu que as punições aos paraguaios foram brandas.
O Cerro Porteño foi multado em US$ 50 mil (cerca de R$ 289 mil em conversão direta) e penalizado com portões fechados, medidas que, segundo o Palmeiras fazem a entidade ser "conivente" com as agressões. Além da nota contra a decisão da Conmebol, Leila Pereira se recusou a ir ao sorteio nesta segunda-feira. Paulo Buosi, vice-presidente, representou o clube no Paraguai.