
— Comprava três caixas com o valor que hoje compro duas — resume a confeiteira Hélia Midon sobre a alta no preço dos ovos que impacta estabelecimentos como o dela no bairro Santa Catarina, em Caxias do Sul.
As caixas que Hélia se refere, que contêm 15 bandejas de 30 ovos cada, passaram a custar, segundo ela, cerca de R$ 330 e aumentam o orçamento da padaria, que utiliza 1,8 mil unidades por semana.
Produzir pães, tortas, bolos e cucas está mais caro. O reajuste é calculado pelo filho, Cleiton Midon, em até 40%. Um gasto que tem sido absorvido pelos empreendimentos, que se esforçam o quanto podem para retardar o repasse ao consumidor final.

— É um custo maior para ganhar o mesmo valor. Há um ou dois anos a bandeja de ovos custava no máximo R$ 10. Se repassar agora, vou vender ainda menos. O movimento nesta época do ano sempre é mais devagar — revela Hélia.
A percepção dela é comum com a de quem trabalha no ramo de massas e que também vende menos no verão. Proprietário da Make Massas, Leomar Avelino Susin acredita e espera que o preço baixe nos próximos dias, antes que seja necessário repassar ao cliente. O gasto com o ingrediente é, segundo ele, de R$ 1,8 mil pelas caixas compradas por semana:
— O aumento foi brutal. Todo ano aumenta por conta da quaresma. Dizem os granjeiros que a galinha produz menos nesta época do ano. O consumo aumentou, mas não justifica tanto aumento, uma vez que a ração não subiu. Não repassamos nada para os clientes, pois acho que logo os preços vão baixar. Também não aumentamos em função das vendas estarem mais devagar por conta do calor.

Na Ceasa Serra, distribuidora de alimentos para o comércio em geral, a alta na dúzia dos ovos brancos e vermelhos começou no dia 18 de fevereiro, quando de uma quinzena para outra passou de R$ 8 para R$ 12, em uma alta de 50%.
A expectativa de Susin se confirmou nesta terça-feira (18), quando a cotação da Ceasa fechou o preço da dúzia a R$ 11, em uma baixa discreta e retornando ao patamar da última semana de fevereiro. Mesmo assim, quando comparado à segunda quinzena de fevereiro, o aumento atual é de 37,5%.
Quem compra menos, sente menos
Na Vó Nice, casa de massas do Centro, a alta do ingrediente representa um custo de R$ 40 a mais na semana para os cerca de 600 ovos comprados no período. O aumento é discreto e, de acordo com o proprietário, Jorge Fetter, não será repassado ao cliente. A dica, segundo ele, é pesquisar e saber onde comprar:
— Aqui se faz um quilo de massa com 700g de farinha e sete ovos, essa é a nossa receita. Pago R$ 20 na bandeja e a sensação que dá é que o aumento é no mercado para o consumidor final. Não tem motivo para repassar, é preciso comparar preços e comprar bem.

Xis mais caro
Utilizado para receitas em confeitarias, o ovo rende menos quando figura sozinho em um prato reconhecidamente caxiense. No xis, é um ovo por lanche, o que faz aumentar o custo final.
Proprietário do Tonico Para Sempre, Anderson Trevisan aumentou em R$ 1 o valor de cada um dos lanches para compensar o aumento do ingrediente.
— Hoje pago R$ 0,75 a unidade, no início do ano passado pagava R$ 0,25. Queria ter um preço mais competitivo, mas os insumos aumentam, o ovo está em evidência, mas até o ketchup aumentou de valor — diz.