
Obter os títulos de mestrado ou doutorado não é tarefa fácil. Até a publicação da dissertação ou da tese há um longo caminho – de dois e quatro anos, em geral – a ser cumprido. Contar com o apoio financeiro de uma bolsa de estudos pode ser decisivo na conclusão da pós-graduação. Você sabe quais as regras de seleção e os valores pagos?
GZH reuniu as informações necessárias para quem pensa em tentar uma bolsa nas principais agências de fomento à pesquisa. Confira!
Por onde começar
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) atuam em nível nacional. Já no Rio Grande do Sul, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande (Fapergs) oferece bolsas de projetos de pesquisa.
Tudo começa com a obtenção da vaga no Programa de Pós-Graduação (PPG), que é independente de bolsa. Tanto em universidades públicas como privadas, o estudante primeiro deverá ter seu projeto de pesquisa selecionado pela instituição, conforme regras de cada programa de pós-graduação.
Odir Dellagostin, diretor-presidente da Fapergs, explica que são os programas que detêm as bolsas, distribuídas entre eles conforme uma série de critérios, e que cabe a eles selecionar, entre seus alunos, os beneficiados:
— Entre os programas, podem existir pequenas variações na seleção. Por exemplo, pode-se definir que será distribuída uma bolsa por orientador, para o melhor classificado de cada um. São critérios internos de cada programa.
Salvo regras específicas de algum PPG, as bolsas de mestrado são concedidas por até 24 meses, e as de doutorado, por até 48 meses. Para mantê-las ao longo dos dois ou quatro anos, porém, o bolsista terá de cumprir, ano a ano, um índice de desempenho considerado satisfatório.
Dedicação exclusiva?
Existem diferentes tipos de bolsas. No caso de um estudante que integra o programa de pós-graduação em universidades públicas, o valor é destinado ao aluno, servindo como recurso para que ele se mantenha enquanto estuda.
Já em instituições privadas, há duas opções. A primeira é a bolsa-taxa, na qual o aluno recebe apenas o pagamento da mensalidade, sem recursos extras.
A segunda é a bolsa completa, em que o mestrando ou doutorando tem a mensalidade quitada e também recebe um valor adicional para o seu sustento, permitindo se dedicar integralmente aos estudos.
Por muito tempo, a exigência de dedicação exclusiva para o estudante que recebia bolsa completa era uma regra. Nesse caso, o bolsista não podia trabalhar, devendo dedicar-se exclusivamente a sua pesquisa. Atualmente, essa exigência foi flexibilizada, mas ainda assim, é incomum.
— Normalmente é exigido do aluno dedicação exclusiva. Há aproximadamente dois anos, Capes e CNPq assinaram uma portaria conjunta e flexibilizaram a norma possibilitando acumular outra fonte de renda. Desde que todos estejam de acordo, incluindo o próprio programa de pós-graduação e o orientador — explica Dellagostin.
Na Fapergs, apesar de ocorrer um processo de revisão da norma, o regulamento ainda prevê a dedicação exclusiva.
Foco da Fapergs é diferente
No caso da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande, as bolsas de pós-graduação estão inseridas em projetos de pesquisa. A bolsa é concedida ao coordenador do projeto, que selecionará o aluno bolsista.
Outra diferença é que há uma escolha estratégica nas áreas e projetos apoiados. Isso porque, segundo o diretor-presidente Fapergs, o Rio Grande do Sul é o Estado que mais titula doutores no Brasil considerando a média populacional a cada 100 mil habitantes, o que permite à agência focar em áreas estratégicas:
— Nós temos uma alta densidade de programas de pós-graduação, de doutores e pesquisadores. Então avaliamos que, no caso da Fapergs, não precisamos investir ainda mais em bolsas de formação e sim em projetos de pesquisa, em fomento, em auxílio à pesquisa e em bolsas de pós-doutorado. Elas irão permitir a atuação desse grande número de doutores que nós estamos titulando tanto na área empresarial quanto na acadêmica.
Odir Dellagostin explica que a bolsa de Pós-Doutorado de Inovação (PDI) é voltada para um doutor que se propõe a desenvolver um plano de negócio, criar uma estratégia e a levar adiante esse projeto.
Já a bolsa de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PDTI) tem seus diferentes níveis, cada um com sua exigência. A PDTI 1, por exemplo, exige profissional de nível Superior com titulação de doutor há pelo menos sete anos. Já para a bolsa PDTI 2, é preciso ser profissional de nível Superior, com titulação de doutor. O regramento completo, de cada nível, pode ser acessado aqui.
Atualmente, a Fapergs tem mais de 2 mil bolsistas, considerando desde a Bolsa de Iniciação Científica e de Iniciação tecnológica e inovação, de estudantes da graduação. Elas são oferecidas para alunos de mais de 30 instituições de Ensino Superior espalhadas pelo território gaúcho. São aproximadamente 400 nas modalidades PDTI, PDI.
Saiba quanto é pago nas bolsas
Quais os valores das bolsas CNPq e Capes
- Mestrado: R$ 2,1 mil
- Doutorado: R$ 3,1 mil
- Pós-Doutorado: R$ 5,2 mil
Quais as modalidades e os valores das bolsas Fapergs
- PDI: R$ 6.240
- PDTI 1: R$ 6.600
- PDTI 2: R$ 6.240
- PDTI 3: R$ 3.720
- PDTI 4: R$ 2.520
- PDTI 5: R$ 1.200