
As preocupações intensificadas de uma recessão mundial devido aos efeitos do tarifaço norte-americano empurram o Ibovespa para baixo desde as primeiras horas da sessão desta segunda-feira (7). Os índices de ações do Ocidente caem quase com força na Europa e nos EUA.
"Risk off. Fortes quedas das bolsas internacionais e aumento das apostas de uma ação mais vigorosa do Fed são os destaques", cita em nota a MCM 4Intelligence.
Nesta segunda, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterou pedido para que o "lento Federal Reserve (Fed) corte as taxas de juros". Mais cedo, a Casa Branca afirmou que Trump escutará parceiros comerciais e ver se acordos são realmente bons.
As commodities também pesam no principal indicador da B3. O petróleo cai mais de 1% na manhã desta segunda e o minério de ferro fechou em baixa de 3,29% em Dalian, na China, que promete seguir atuando contra as tarifas de Trump.
— As tarifas dos Estados Unidos entraram em vigor. Muitos estão com medo de uma recessão mundial — diz o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.
O índice de ações chinês Xangai cedeu 7,34%, mas o pior desempenho foi em Tóquio. O Hong Kong sofreu a maior queda em um único pregão desde 1997, em meio a temores de que a guerra comercial deflagrada pelo tarifaço dos EUA.
Na sexta-feira (4), Pequim anunciou tarifas de 34% a importações dos EUA, em resposta ao total de 54% de tarifas impostas por Trump. O governo chinês prepara "esforços extraordinários" para compensar os efeitos das tarifas.
Mais de 50 países já pediram negociações sobre tarifas. O governo americano, porém, continua subestimando os efeitos das políticas tarifárias nos mercados e os possíveis impactos na economia mundial.
Na sexta-feira, o Ibovespa fechou em queda de 2,96%, aos 127.256 pontos, enquanto as bolsas de Nova York tiveram novo tombo de 5%.
Nos próximos dias no Exterior, as atenções ficarão nos dados de inflação dos EUA e da China, com o CPI e o PPI de março, além da ata do Fed. No Brasil, o destaque é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês passado, além de dados de atividade relativos a fevereiro.
Na manhã desta segunda-feira, o boletim Focus manteve as projeções das principais variáveis macroeconômicas e o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçou em evento que a instituição tem ampliado a cobertura das estimativas com o Focus e o Firmus.
No final da manhã, o Ibovespa subiu 0,91%, na máxima aos 128.410,57 pontos, em meio a relatos de que os EUA poderiam considerar uma pausa de 90 dias às tarifas impostas aos países, exceto China. Porém, a notícia foi desmentida pela Casa Branca. Assim, continua o quadro geral de incerteza dado o temor de uma recessão global por conta das tarifas.
— Muito ruído e sem clareza do direcional — pontua Bruno Takeo, estrategista da Potenza Capital.
Sinais neste sentido tendem a continuar, de forma a gerar volatilidade nos mercados.
— Qualquer indício de sossego deve ser visto com desconfiança. O período é de um choque de volatilidade — afirma Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez.
Às 11h50min, o Ibovespa caía 0,81%, aos 126.229,18 pontos, depois ter avançado 0,91%, com máxima aos 128.410,57 pontos, ante mínima aos 123.876,24 pontos (-2,66%). Entre as principais ações ligadas a commodities, Vale cedia 0,46% e Petrobras caía entre 2,29% (PN) e 3,50% (ON).