No atual momento econômico, com o real desvalorizado em comparação ao dólar, a Argentina se tornou um destino menos atrativo financeiramente para os gaúchos. A moeda local — o peso — está menos enfraquecida, influenciando para que o turismo no país vizinho deixe de ser tão interessante para quem ganha em real.
Apesar desse cenário, ainda assim a Argentina é um destino que desperta o desejo e a curiosidade de muitas pessoas pelas suas atrações. Pensando nisso, Zero Hora reuniu um compilado de valores e dicas, considerando uma viagem de cinco dias e que tenha Porto Alegre como ponto de partida para quem pensa em visitar a Buenos Aires e quer organizar as finanças.
De Porto Alegre a Buenos Aires
Uma das principais preocupações na hora de organizar uma viagem é considerar o modo de chegar até o destino. Para quem está em solo brasileiro, a forma mais rápida é ir de avião, mas também é possível se deslocar de ônibus ou de carro.
Avião
Por conta dos estragos causados pela enchente de maio no Aeroporto Salgado Filho, a companhia aérea Aerolíneas Argentinas parou de operar voos diretos de Porto Alegre para Buenos Aires. A previsão é que o serviço seja retomado a partir do dia 3 de março de 2025. As vendas já estão disponíveis e há opções de ida e volta para o mês que somam cerca de R$ 2,3 mil por pessoa.
Quem deseja comprar uma passagem aérea com partida em fevereiro de 2025, por exemplo, saindo da Capital gaúcha, irá encontrar apenas opções com paradas em Estados como São Paulo. Nesses casos, valores de ida e volta estão girando em torno de R$ 4 mil, com taxas, por pessoa.
É importante lembrar que esses valores são referentes ao momento em que a pesquisa foi feita, em janeiro deste ano, e não incluem seguro viagem. Mirian Ritter, turismóloga e agente de viagens na empresa MCR Viagens e Turismo, pontua que as tarifas oscilam constantemente conforme o período e a demanda.
— No turismo, as tarifas flutuam demais. Elas chegam a oscilar de manhã e de tarde já mudou — cita.
Ônibus
Há opções de transporte saindo da Estação Rodoviária de Porto Alegre, com operação da empresa JBL, com destino a Buenos Aires. As passagens de ônibus de ida disponíveis custam em torno de R$ 544,44, mais taxas, o que pode resultar em R$ 653,32. Ao considerar a volta e as tarifas, o somatório fica em aproximadamente R$ 1.308,52. São viagens classificadas como executivas e têm duração prevista de 18 horas e 40 minutos a 19 horas e 15 minutos.
Outra alternativa são os ônibus leito, os com um custo mais elevado. Ao antecipar ida e volta na mesma modalidade, a estimativa fica em R$ 1.682,92, com possíveis taxas.
Carro
A proximidade entre o Rio Grande do Sul e a Argentina viabiliza que a viagem seja feita de carro. De Porto Alegre a Buenos Aires são aproximadamente 1,3 mil quilômetros e uma cerca de 16 horas de estrada. Ao considerar essa modalidade, é fundamental considerar os gastos com gasolina tanto em solo brasileiro quanto estrangeiro, assim como pedágios e eventuais manutenções no automóvel.
Transfer para a hospedagem
Para quem chega de avião, a indicação das agências de viagem é reservar um transfer que busque o turista no aeroporto e leve ao local da hospedagem.
O voo direto de Porto Alegre pela companhia Aerolíneas Argentinas desce no Aeroparque Jorge Newbery (AEP). Quem opta por esse tipo de serviço, encontra possibilidades de contratações por em torno de R$ 380 (ida e volta), tendo em vista um carro para até três passageiros, e uma estadia no Centro da cidade argentina.
Já quem chega pelo Aeroporto Internacional Ministro Pistarini (EZE), pode verificar, nas mesmas condições, tarifas de aproximadamente R$ 600 (ida e volta), já que o terminal está mais distante da parte central.
Hospedagem
Assim como as passagens aéreas, as tarifas hoteleiras também variam de acordo com o período e a demanda. A cidade oferece diferentes serviços de hospedagem.
Hotel
Ao fazer uma pesquisa no site Booking.com com datas para março de 2025, hotéis classificados entre três e quatro estrelas, localizados no Centro de Buenos Aires, podem apresentar valores a partir de R$ 1.250 para um período de cinco dias (quatro noites), considerando um quarto para dois adultos.
Esses valores são altamente variáveis, conforme a opção escolhida, os benefícios prestados pela estadia, localização, período e demanda.
Hostel
Há diversos hostels espalhados por Buenos Aires. Nesses casos, é importante considerar que muitos oferecem opções de quartos privativos ou dormitórios compartilhados com outros turistas.
Há opções de estadias disponíveis em quartos privativos por cerca de R$ 900 para um período de cinco dias (quatro noites), considerando um quarto para dois adultos. Já dormitórios compartilhados, podem custar R$ 420.
Airbnb
Quem prefere locar uma hospedagem pelo Airbnb encontra apartamentos com diárias diversas. Há locais que podem totalizar R$ 900 pela estadia no período de cinco dias (quatro noites).
Alimentação
O quesito alimentação é outro aspecto bem variável, já que vai depender do quanto o turista está disposto a pagar pelas suas refeições. Para Rita Vasconselos, vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens do Rio Grande do Sul (ABAV-RS) e agente de viagens da empresa RC TUR, a recomendação é considerar um gasto de, pelo menos, US$ 70 a US$ 100 por dia. O valor considera entre duas a três refeições por dia para duas pessoas em restaurantes de médio porte e que desejam economizar.
A partir disso, tendo em vista uma viagem de cinco dias, é recomendado reservar, pelo menos, US$ 350 (R$ 2.138,48) e US$ 1 mil (R$ 6.109,95), considerando a cotação atual do dólar.
Possíveis passeios
Buenos Aires é uma cidade repleta de atrações turísticas e oferece uma série de passeios que permitem que o turista conheça mais sobre a cultura e a história local.
Ônibus turístico com tour pela cidade
As empresas Gray Line Argentina e Buenos Aires Bus oferecem serviços de ônibus turísticos que fazem paradas em cerca de 20 pontos de interesse da Capital, permitindo subir e descer em cada uma delas.
O preço da passagem válida durante 24 horas custa aproximadamente 40 mil pesos ou US$ 38 (R$ 233) por adulto.
Obelisco, Casa Rosada e Teatro Cólon
O Centro de Buenos Aires abriga importantes pontos históricos. O Obelisco, por exemplo, é um monumento construído em homenagem aos 400 anos da Capital, e fica localizado entre as Avenidas Nove de Julho e Corrientes.
Na região também está a Casa Rosada, a sede da presidência da Argentina. O edifício está em frente à Praça de Maio, a mais antiga da cidade. Visitas à parte interna do prédio podem ser feitas aos sábados, domingos e feriados, com entrada gratuita.
Bairro Palermo
Polo gastronômico e cultural da cidade, o bairro Palermo é repleto de opções turísticas com lojas, cafés, livrarias e restaurantes. Por lá estão localizados os Bosques de Palermo, o Jardim Japonês e o Museu de Arte Latinoamericano (Malba). Os custos vão depender dos locais de escolha para conhecer.
A entrada no museu, por exemplo, custa 8 mil pesos (R$ 49,05) para o público em geral. Os parques têm entradas gratuitas.
Bairro Porto Madero
Porto Madero é considerado um dos bairros mais sofisticados de Buenos Aires, tido como um polo gastronômico e cultural. O ponto mais emblemático é a Puente de La Mujer, projeto do famoso arquiteto espanhol Santiago Calatrava.
Na região, também está localizada a Reserva Ecológica e o Casino Buenos Aires, sem cobranças de entrada.
Show de Tango
Acompanhar um show de tango à noite é parada quase que obrigatória. Uma das casas de espetáculos mais tradicionais da cidade, o Madero Tango, oferece diferentes tipos de serviço.
No local, o tipo de entrada mais em conta, por exemplo, custa US$ 50 (R$ 306,57 na cotação atual) por adulto. Essa modalidade não inclui jantar ou bebidas. As mesas são compartilhadas com até 10 pessoas e estão localizadas um pouco mais distantes do palco.
Outra opção é com jantar incluso e vista para o Rio da Prata. Nesse caso, o ingresso custa US$ 120 (R$ 735,78) por adulto.
Passeio de barco pelo Delta do Tigre e Rio da Prata
Um passeio bate e volta de barco pelo Delta do Tigre e pelo Rio da Prata é uma das atividades mais buscadas por quem visita Buenos Aires. Há excursões em grupo navegando de catamarã com duração de algumas horas custando cerca de 78 mil pesos (R$ 461) e US$ 75 (R$ 459,86) por pessoa.
Gastos extras
Outros custos devem ser adicionados no orçamento, como lanches e lembrancinhas. Supondo que uma garrafinha de água de US$ 1,40 (R$ 8,58) ou de 1.550 pesos (R$ 9,17) seja comprada por dia em um comércio local, seria interessante reservar, pelo menos, US$7 (R$ 42,92) para isso.
Transporte dentro da cidade
Um hospedagem bem localizada pode ajuadar a reduzir os custos com transporte. Ficar próximo ao Centro, por exemplo, viabiliza que alguns passeios, como visitar a Casa Rosada e a Praça de Maio, sejam feitos a pé.
Yago Masid, gerente de produtos para América do Sul da agência de viagens CVC, sugere que as pessoas aproveitem o transporte público de Buenos Aires. Segundo ele, além de funcionar super bem, o valor das passagens é mais em conta se comparado aos valores adotados no Brasil.
Além disso, para curtas distâncias, o turista pode utilizar o metrô. Em ambas as modalidades, basta comprar o cartão SUBE (Sistema Único de Boleto Eletrônico), que pode ser adquirido nas estações de metrô, nas casas lotéricas, nos aeroportos, nos Centros de Atenção ao Turista e em quiosques espalhados pela cidade, no valor de 1,5 mil pesos (R$ 8,87) ou US$ 1,44 (R$ 8,82). As passagens custam a partir de 371,13 pesos (R$ 2,19) com SUBE registrado.
Outra alternativa é optar por serviços como táxi. Inclusive, Buenos Aires possui sistemas de aluguel de bicicletas.
Peso ou dólar?
A moeda oficial da Argentina é o peso argentino (ARS), mas tem se tornado bastante comum encontrar estabelecimentos comerciais e serviços que aceitem pagamentos em dólar, por conta da dolarização da economia do país. Há estabelecimentos, inclusive, que oferecem taxas de câmbio mais favoráveis à moeda estrangeira.
Mesmo que o turista opte por priorizar o dólar, é recomendado que ele conte com o aporte do peso, já que não existe a garantia de que todos os locais aceitem a unidade monetária.
A indicação de Rita Vasconselos, vice-presidente da ABAV-RS, é comprar o que puder de forma antecipada para poder utilizar o real e a possibilidade de parcelamento.
— Recomendamos antecipar no Brasil o pagamento de todos os serviços que for utilizar na Argentina. Se a pessoa deixar para pagar lá, vai ter que pagar no cartão de crédito, na moeda e no câmbio que estiver em vigor, e tem a questão do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Se antecipar, ele vai pagar em reais, vai poder parcelar de seis a 12 vezes, dependendo do fornecedor que for utilizar — orienta Rita Vasconselos.
Yago Masid, da CVC, explica que, durante a viagem ao exterior, a melhor escolha é levar reais em espécie e trocar em uma casa de câmbio de confiança. Se puder ser fora do aeroporto, melhor, porque as taxas externas tendem a ser menores.
Ainda com relação às formas de pagamento, o cartão de crédito com bandeira internacional, como MasterCard Internacional, Visa, AmericanExpress, é amplamente aceito no país.
Dicas
Yago Masid oferece como dica viajar para Buenos Aires em período do contrafluxo das férias para quem quer economizar. Além dos preços das passagens ficarem mais acessíveis, os principais locais turísticos não ficam lotados.
A agente de viagens Rita Vasconselos afirma que planejar a visita com antecedência é uma forma de fazer a viagem ficar mais acessível para o bolso. O mesmo é defendido por Mirian Ritter:
— Sugerimos que a vigem comece a ser planejada com quatro a seis meses de antecedência para que a pessoa consiga se organizar e garantir as melhores tarifas, os melhores voos e os hotéis com preços mais em conta — observa.
E para evitar possíveis dores de cabeça, é preciso estar atento aos golpes. Desconfie de preços baixos demais e não faça troca de câmbio na rua.
— Não existe milagre no turismo ou em forma de preço. Tem que prestar atenção no site em que está comprando algum serviço. Eu aconselho fazer o roteiro com agência de viagem que tenha cadastro na Embratur, verificar se ela tem domínio próprio e, de preferência, escolher aqueles que você já tem alguma indicação — orienta.
A documentação é outra questão importante. Para a Argentina, o turista brasileiro deve portar um documento oficial com foto, como carteira de identidade ou o passaporte, dentro da validade.
*Produção: Carolina Dill
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