A confiança do investidor gaúcho pode ser um dos motivos do aumento de 14,2% no número de abertura de empresas no Rio Grande do Sul neste primeiro semestre em relação a igual período do ano passado. De acordo com balanço da Junta Comercial, Industrial e Serviços do Estado, entre janeiro e junho foram constituídos 92.747 negócios, enquanto os seis primeiros meses de 2018 somaram 81.163. O dado, divulgado na quarta-feira (4), inclui os tipos LTDA, S/A, MEI, EIRELI e outros. Também houve leve queda nos fechamentos de empresas no primeiro semestre: 37.162 extinções em 2019, e 37.978, em 2018.
A percepção de estabilidade pós-eleição contribuiu para o bom desempenho deste ano, avalia Celio Levandovski, presidente do Sescon-RS, entidade que representa escritórios de contabilidade no Estado. Para ele, ajudou o fato de o presidente Jair Bolsonaro ter se comprometido com reformas, principalmente a da Previdência, que ainda tramita no Senado.
— Muitas pessoas estavam com ideias e investimentos represados e, na medida em que se cria uma esperança, uma mudança, isso criou realmente um ambiente — explica Levandovski.
O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Ruy Irigaray, concorda com a avaliação do Sescon e adiciona que contribuiu para o aumento no número de empresas as propostas enviadas à Assembleia pelo governador Eduardo Leite. A intenção é demonstrar que o Estado está interessado em enxugar os gastos públicos também em nível regional. Ruy também alertou que o discurso do governo de José Ivo Sartori, de um RS quebrado, também não contribuía para a realização de investimentos.
— Nossos governantes, durante muito tempo, venderam um Estado falido e quebrado. Claro que a economia sofreu dificuldades durante muitos anos, mas o problema não é o Estado, quem tem problema é o governo. Infelizmente esse problema, esse cenário, se refletiu em uma falta de confiança dos investidores. O governo está quebrado, não o Estado. Somos o terceiro maior exportador e o quarto maior em PIB no Brasil — afirma Ruy.
O presidente do Sescon-RS prevê que, com a aprovação das reformas, o ambiente deve melhorar nos próximos anos e, talvez, aumentar o número de constituições de empresas no Rio Grande do Sul. Levandovski cita a medida provisória da Liberdade Econômica, recém-aprovada pelo Congresso, que desburocratiza a concessão de alvarás e licenças por parte do governo federal e dá ao empreendedor mais facilidade na hora de abrir um negócio.
— A nossa esperança é de que aumente esse número de empresas no próximo semestre. Existe uma demanda para isso, as pessoas ainda não retomaram seus investimentos — diz.
A tese de que há aumento no número de empresas constituídas depois de ano eleitoral se repetiu em 2015, após a eleição da presidente Dilma Rousseff. Em todo o ano de 2014, 77.656 negócios foram criados entre LTDA, S/A, MEI, EIRELI e outros. No ano seguinte, o resultado foi de 116.200. Em 2010, ano da primeira eleição de Dilma, foram 73.597 empresas criadas e, em 2011, 80.814.