
Concluir todas as obras do Salgado Filho e adiar por pelo menos uma década a construção de um novo aeroporto na Região Metropolitana. Ou esquecer a ampliação da pista e o terminal de cargas e tirar o aeroporto 20 de Setembro do papel. As duas propostas serão apresentadas, nesta sexta-feira, ao governador José Ivo Sartori pelo ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil da Presidência (SAC), Eliseu Padilha.
Pela reunião também passa a concessão do Salgado Filho. A intenção da SAC é repassar à iniciativa privada a administração do aeroporto de Porto Alegre em um modelo no qual o vencedor do leilão banque a construção do 20 de Setembro, com provável localização em Portão. O concessionário controlaria os dois espaços.
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As duas propostas não resolvem, em curto prazo, a limitação de pousos e decolagens de aeronaves de maior porte na Capital - um gargalo da infraestrutura gaúcha. Dentro de um quadro nacional de contenção de gastos e disposta a evitar novos atrasos, a União quer uma atuação em parceria com o Palácio Piratini.
- A solução das obras no Salgado Filho resultará de decisão conjunta entre o Estado e o governo federal - afirma Padilha.
Nos bastidores, ganha força a desistência do terminal de cargas e a extensão em quase um quilômetro da pista. Se prevalecer essa opção, o governo federal terminará somente a ampliação do terminal 1 de passageiros.
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O 20 de Setembro teria vocação para cargas também, com pista de 4 mil metros, apta a receber aviões de grande porte. A obra só começaria após a concessão do Salgado Filho. O processo burocrático da concorrência leva cerca de um ano para ser concluído, o que, juntamente com licenciamentos ambientais, lançaria obras para 2016 ou 2017.
Caso União e Estado optem por concluir as intervenções no terminal da Capital, um novo aeroporto sairia somente após o esgotamento do Salgado Filho, o que levaria de 10 a 15 anos, segundo a SAC.
Integrante do Comitê Técnico Pró-Aeroporto Internacional 20 de Setembro, Enio Dexheimer gostaria de priorizar o novo terminal em Portão.
- No futuro, com o aumento das demandas, será inevitável ter um aeroporto maior no Estado. Atacaria o problema mais cedo - acredita.
Paulo Menzel, presidente da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura, afirma que as propostas não são conflitantes. O ideal seria realizar as melhorias em Porto Alegre, incluindo a pista, e executar a obra na Região Metropolitana.
- Como um aeroporto leva em torno de 20 anos para ficar pronto, é possível ampliar o Salgado Filho e ganhar tempo para projetar, obter licenças e construir o 20 de Setembro diminuindo os prejuízos para a economia do Estado - acrescenta.
As opções que serão discutidas
1 Concluir as obras previstas para o aeroporto Salgado Filho: ampliação do terminal de passageiros e sistema de pátios e pistas de táxi, mais o novo terminal de cargas e a ampliação em 920 metros da pista. Construir o aeroporto 20 de Setembro somente quando o Salgado Filho esgotar sua capacidade, o que deve levar cerca de uma década.
Vantagens
Seria a forma mais rápida de encerrar a limitação de tamanho de aviões que operam na Capital. Sem novos entraves, a ampliação da pista ficaria pronta em cinco anos.
Com a capacidade ampliada para cargas e passageiros, seria possível obter licenças e construir um novo aeroporto sem a pressão do prejuízo que a limitação da pista traz.
Desvantagens
A ampliação é estimada em R$ 502,2 milhões, que viriam do PAC3. Com os cortes de gastos da União, não há garantia do recurso. A obra também depende de desapropriações. Estudos indicam a necessidade de um novo aeroporto. Se o 20 de Setembro for construído só após o esgotamento do Salgado Filho, levaria duas décadas para funcionar a pleno.
2 Concluir as obras de passageiros no Salgado Filho (ampliação do terminal de passageiros e sistema de pátios e pistas de táxi) e desistir da ampliação da pista e do terminal de cargas. Conceder o aeroporto, para que o vencedor construa o 20 de Setembro com uma pista de grande extensão para aviões de maior porte para passageiros e cargas.
Vantagens
A intenção é construir um aeroporto com pista de 4 mil metros, capaz de receber aviões de maior porte de passageiros e de cargas. Resolveria o entrave da limitação da pista.
Em um intervalo menor de tempo, o Estado teria dois aeroportos separados por uma distância curta e capazes de operar de forma complementar.
Desvantagens
Pelas previsões, a construção de um novo aeroporto levaria entre cinco e 10 anos, período em que o Estado teria de conviver com as atuais limitações da pista do Salgado Filho. O governo federal deve levar cerca de 12 meses para realizar a concessão do Salgado Filho. Depois de escolhido o vencedor, ainda haveria etapas burocráticas.
O que falta para modernizar o Salgado Filho
Ampliação da pista
Extensão: de 2.280 metros para 3.200 metros
Valor: R$ 502,25 milhões*
Em fase de desapropriação de áreas, conforme a SAC. O empreendimento será contemplado no PAC 3.
*Valor não leva em conta o custo de desapropriações
Ampliação de pátios e pistas de táxi
Valor: R$ 89,31 milhões
Até agora: R$ 72,97 milhões (novembro de 2014)
Obra já feita: 82,1% (30/11/2014)
Previsão: março de 2015
Ampliação do terminal 1
Capacidade: de 15,3 milhões para 18,9 milhões de passageiros/ano
Valor: R$ 248,28 milhões
Até agora: R$ 14,44 milhões (novembro de 2014)
Obra já feita: 3,8% (30/11/2014)
Previsão: janeiro de 2017
Terminal de cargas
Valor: R$ 137,15 milhões*
Até agora: R$ 72,2 milhões (novembro de 2014)
Dividida em duas partes
1) Pátio de veículos
Previsão: outubro de 2015
2) Edificações
Licitação em andamento
*Valor pode subir para R$ 311,84 milhões