Com 160 anos de fundação, o prédio do Mercado Público de Pelotas foi restaurado ao custo de R$ 2,7 milhões.
Dois anos e meio de obras e muita expectativa depois, em janeiro as lojas estavam lindas - mas vazias. Passados sete meses, das 84 bancas, apenas 19 estão abertas e funcionando.
O motivo para o atraso da reativação foram os valores de outorga acima do preço de mercado pedidos na primeira licitação, que não teve interessados. A prefeitura decidiu fazer um novo processo e espera que até setembro o local volte a fervilhar no Centro da cidade.
Na primeira licitação, foi levado em conta duas variáveis. A primeira foi o valor de mercado feito sobre uma média dos preços de metro quadrado em áreas comerciais, comparados com outros estabelecimentos na cidade. A segunda variável era tentar repassar para o lojista, no valor de outorga, o custo de R$ 700 mil que a prefeitura teve com a obra, pois o resto foi subsidiado pela União.
- Isso fez com que os valores ficassem altíssimos: em um ponto de esquina, um dos mais requisitados, o preço era R$ 70 mil e agora é de R$ 13 mil. Outros pontos custavam R$ 12 mil e agora R$ 3 mil - explica o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Pelotas, Fernando Estima.
O valor de outorga é uma quantia para reservar o espaço, depois há o aluguel mensal. Cada comerciante pode se candidatar a uma banca e fazer uma oferta com valor mínimo de outorga e vence quem ofertar a maior quantia. É como se fosse um leilão, mas as ofertas são únicas, sigilosas e entregues em envelopes.
Essa segunda licitação foi dividida em quatro partes com concorrência de 15 bancas por vez. A primeira parte já foi feita, das 15 bancas, houve oito procuras e sete vitoriosas:
- Essa é a primeira, muita gente não juntou documentação a tempo ou não levou a sério que o processo seria rígido. Mas a expectativa é que a cada processo, mais interessados se inscrevam e, assim, até setembro tenhamos 70% de bancas ocupadas, para mais tarde fazer uma terceira licitação com as bancas restantes. Ou, se não houver procura, convidar setores para ocupar esses espaços - informa Estima.
Lojas foram organizadas por perfil de atividade
Os valores dos aluguéis permanecerão os mesmos da primeira licitação, em torno de R$ 700, variando conforme localização e tamanho. Hoje, as únicas bancas abertas são as que já faziam parte do mercado antes da reforma. Mas nem todas voltaram, pois o perfil do local mudou:
- Tiramos as lojas de sapatos e de passarinhos e delimitamos espaços: em uma quadra só barbeiros, em outra área, restaurantes. Haverá maior organização e espaço para estabelecimentos que evidenciem melhor nossa cultura, como bancas de doces, por exemplo - ressalta o superintendente da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Pelotas, Valter Poetsch.
O barbeiro Mario Douglas, 66 anos, compara as duas épocas:
- O aluguel aumentou R$ 200. Mas antes era desorganizado e sujo, então muitas pessoas deixavam de vir. Agora, está atraindo mais a freguesia.
O dono da peixaria Frutos do Mar, Adão Alves, 48 anos, concorda, mas faz uma ressalva:
- O problema é que o pessoal olha de longe, vê um monte de banca fechada e acha que não tem loja aberta.
A prefeitura acredita que, com o valor de outorga mais baixo, pelo menos 70% das bancas serão ocupadas até o final de setembro. Depois de adquirido o espaço, o proprietário geralmente demora 30 dias para abrir as portas. A última parte da segunda licitação deve ter os envelopes abertos dia 7 de agosto.
Relógio central do prédio também foi restaurado
Com mais de um século, o relógio que fica no centro do Mercado parou de correr as horas há cinco anos. Mas foi feito um conserto e, dentro de 30 dias, elas devem voltar a andar certas. O relógio foi encomendado da Alemanha como uma cópia da Torre Eiffel, de Paris. Para andar no compasso correto, a cada dois dias uma pessoa terá que subir até sua engrenagem e dar manivela no equipamento.