Sinal de que o setor privado havia detectado a oportunidade antes que os números oficiais a expusessem, a situação pouco favorável de Porto Alegre em pesquisa sobre hospedagem foi antecedida por uma nova onda de investimentos em hotéis.
No retrato apresentado na terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a capital gaúcha aparece em 10º lugar, com 190 estabelecimentos e 14.625 leitos, mas estão previstos para a cidade ao menos mais 19 empreendimentos no setor, com 6,4 mil leitos.
Saiba mais: uma rede de projetos
Um diagnóstico surge do cruzamento de dados sobre as condições de hospedagem da Capital expostas na pesquisa do IBGE: há relativamente poucos leitos, ao menos em relação a cidades de porte semelhante, e a metade em hotéis e concentrados em acomodações simples.
- Porto Alegre pode estar defasada em relação a outras capitais, mas não se pode dizer que a cidade está desguarnecida, até porque há vários projetos em preparação - observa Berenice Lewin, presidente do Porto Alegre Convention & Visitors Bureau.
A percepção de que o mercado permite uma onda de projetos embala a expansão que a cada dia ganha novos planos. Levantamento feito por Ricardo Ritter, vice-presidente da Porto Alegre Convention & Visitors Bureau e do Sindicato da Hotelaria e Gastronomia da Capital, aponta duas dezenas de hotéis, mas não computa empreendimentos ainda não confirmados, caso de um cinco estrelas do M Grupo.
- O investimento hoteleiro é cíclico, e a decisão quase sempre é tomada quando a demanda é maior do que a oferta - explica Ritter.
Entre os ciclos do passado, o empresário lembra o dos anos 70, que praticamente dobrou a capacidade do setor na Capital e o do final da década de 1990 e início da de 2000, que trouxe grandes redes, como InterCity, Blue Tree e Deville. A última fase, observa, levou a uma superoferta de leitos que fez alguns operarem no vermelho entre 2002 e 2008. Nos últimos dois anos, porém, a ocupação média superou 60%.
- Mercado para hotéis existe no Brasil todo, com economia se expandindo e a classe C viajando cada vez mais. Como há percepção de que há mercado, cresce o espaço para novos empreendimentos, não só por causa da Copa do Mundo - afirma Daniel Antoniolli, presidente do Sindicato de Hotéis de Porto Alegre.
