A TIM aproveita a onda de crescimento das classes C e D no país para avançar sobre a concorrência na área da telefonia móvel. O objetivo imediato da operadora é reconquistar a vice-liderança do mercado, perdida em 2008 para a Claro.
Depois de ter sido considerada carta fora do baralho em 2009, a TIM pretende alcançar a meta no prazo de um ano. Para isso, adotou um plano agressivo de comercialização que focou os consumidores que tinham acesso limitado às redes de telefonia móvel devido ao alto custo. A diferença para a Claro, que era de 3,3 milhões de acessos no início do ano, caiu para 2,2 milhões em agosto. Em receita, mesmo com menos clientes, a operadora já supera a concorrente.
- O desempenho tem a ver com a emergência das classes C e D. Focamos em soluções de baixo custo para quem usava o celular de forma limitada - diz o diretor comercial da TIM na Região Sul, Alexandre Ratacheski.
Em agosto, a TIM liderou a expansão da rede móvel no Brasil e bateu a líder Vivo em 275 mil unidades. Dos 2,4 milhões de telefones móveis adicionados ao mercado brasileiro, 965 mil foram da operadora italiana - 91% dos quais no sistema pré-pago.
Além disso, a empresa assumiu a dianteira no serviço de telefonia de longa distância em setembro desbancando uma liderança desde meados dos anos 60 da Embratel. A TIM passou de 5% do mercado de longa distância há um ano para os atuais 40%.
Por trás do desempenho, segundo os analistas ouvidos por ZH, está a ousadia da empresa: em março, a TIM trocou toda a diretoria e resolveu direcionar sua ação para novos produtos e serviços. A grande aposta foi uma mudança radical no conceito de cobrança, que passou do tradicional minuto para a tarifa por chamada, sem limite de tempo.
- Ainda existe uma distância considerável para a segunda colocada, mas se a Claro não reagir será superada - analisa o consultor Eduardo Tude, da Teleco.
Preço e emergentes impulsionam empresa
Para o consultor, a combinação entre preço e foco em camadas emergentes de consumidores explica o desempenho da empresa. O conceito de cobrança por chamada, por isso, foi decisivo, já que privilegiou o tráfego de voz para clientes que usavam o celular apenas para receber chamadas pelo alto custo das outras operadoras. Segundo Tude, a TIM deve ultrapassar a segunda colocada em 2011.
Mais cauteloso, Luís Minoru Shibata, diretor de consultoria da PromonLogicalis, credita a boa fase à aquisição da Intelig durante o reposionamento comercial da TIM, que garantiu à operadora acesso a 16 mil quilômetros de rede de fibra óptica. A compra permitiu economia de R$ 250 milhões por ano.
- A estratégia de reinvenção da TIM foi muito bem pensada e está sendo muito bem implementada - afirma Minoru.
O especialista diz que o desafio será manter e qualificar esse cliente de classe C e D, fazendo-o migrar para um perfil mais atraente do ponto de vista comercial para a operadora.
O desafio no Rio Grande do Sul
Os três Estados da Região Sul do país são paradoxais para a TIM: a empresa lidera o mercado no Paraná e em Santa Catarina, desbancando a poderosa Vivo, mas amarga um desempenho bem abaixo da média nacional no Rio Grande do Sul. No Estado, a operadora tem 13,2% dos acessos.
- Temos dificuldades porque fomos a terceira operadora a ingressar no Estado. E há um estigma forte de falta de qualidade que precisamos superar - lamenta o diretor comercial da TIM na Região Sul, Alexandre Ratacheski.
Operando no Rio Grande do Sul desde 2001, a empresa teve dificuldades com a cobertura do sinal que criaram uma barreira com os consumidores. Ratacheski reconhece que houve erros estratégicos no passado.
A cobertura da operadora já alcança 97% da população urbana do Estado, diz o diretor. Há quatro meses, a TIM lidera o indicador de qualidade da rede com 100% de eficiência, informa a Agência Nacional de Telecomunicações.
Notícia
TIM avança e batalha a vice-liderança do mercado de telefonia no país
Ao ultrapassar Embratel, operadora assume dianteira na longa distância e busca espaço no celular
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