Uma pesquisa realizada entre setembro e outubro deste ano pela marca de beleza Avon, em parceria com a consultoria Garimpa, mostrou que 70% das mulheres negras entrevistadas não estão satisfeitas com as opções de produtos de maquiagem específicos para o seu tipo de pele disponíveis no mercado.
O levantamento afirma ter entrevistado mil mulheres pardas e pretas, entre 18 e 60 anos, de todas as classes sociais e em todo o Brasil, para entender a relação delas com a maquiagem - especificamente com base, pó e corretivo, produtos que estão intimamente ligados ao tom de pele. Os números reforçam a falta de representatividade da mulher negra na indústria de beleza - mesmo em um país no qual, atualmente, 56% da população é composta por pessoas que se classificam como pardas e pretas, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na busca por um novo item de maquiagem, o problema começa com o critério mais básico: a cor. Para 46%, o principal motivo de desistirem da compra de uma base, pó ou corretivo é não encontrar o tom compatível com a sua pele.
A falta de opções, é claro, faz com que essas mulheres consumidoras limitem sua experiência de novos produtos. Das entrevistadas, 61% dizem buscar acabamento e fórmulas multifuncionais quando pesquisam uma base.
A carência de produtos compatíveis no mercado nacional acaba pesando no bolso: 56% procuram opções importadas ocasionalmente ou sempre. Destas, 47% fazem isso porque consideram os produtos estrangeiros mais interessantes, 35% acreditam que eles têm mais qualidade e 17% encontram tons compatíveis apenas nas paletas de cores vindas do exterior. Além disso, 57% dizem que compram ou já tiveram que comprar mais de um tom de base para misturar, porque simplesmente não encontram um produto adequado a sua cor.
As diferenças de comportamento no uso da maquiagem também aparecem quando são analisadas as diferentes regiões brasileiras, idades e classes sociais. A maioria usa base em momentos especiais (55%), seguida pelas mulheres que usam todos os dias (45%). No Sul (61%) e no Norte/Centro-Oeste (58%) está a maior proporção de mulheres que usam bases apenas em momentos especiais, enquanto no Sudeste o uso diário é mais comum, realidade de 51% delas.
Já quando são vistas as diferenças em relação à idade, para 53% das mulheres mais maduras, entre 50 e 60 anos, apenas algumas marcas de maquiagem as valorizam. Entre as mais jovens, de 18 a 29 anos, essa é a percepção de 47% das entrevistadas.
Apesar do cenário geral adverso, as mulheres negras entrevistadas consideram que a representatividade está melhorando: 80% dizem reconhecer ações que olham para suas necessidades.