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O minoxidil, medicamento conhecido pelo tratamento da alopécia androgenética, a famosa calvície masculina, também tem sido procurado por mulheres que sofrem com a queda progressiva dos cabelos.
O fármaco é um vasodilatador inicialmente formulado para o tratamento da hipertensão arterial, mas que apresentou como efeitos adversos um aumento dos pelos do corpo, o que fez com que passasse a ser utilizado também para o tratamento de algumas doenças capilares, conforme explica a dermatologista e tricologista Bruna de Matos Bauer:
— É aprovado para uso em mulheres desde 2006 pela Food and Drug Administration (FDA), a agência reguladora dos Estados Unidos. A principal indicação do medicamento é para a alopécia androgenética.
O minoxidil promove o aumento da circulação sanguínea nos folículos capilares, aumentando o crescimento do cabelo e diminuindo a queda. Sua ação vasodilatadora possibilita aumentar a proliferação celular, encurtar o período telógeno, que é o estágio de queda capilar, e prolongar o ciclo anágeno, que é o período de crescimento do cabelo. Além disso, também promove um espessamento dos fios e um aumento na quantidade.
— Pode ser utilizado por mulheres com segurança e sua indicação principal são para os casos de alopecia androgenética, bastante comum em mulheres que tem características como ter um couro cabeludo mais visível — afirma Renata Neves Leandro, farmacêutica formada pela UFRGS com especialização em farmácia estética.
Como deve ser usado o minoxidil?
O minoxidil possui duas principais formas de apresentação para uso tópico no couro cabeludo: solução ou espuma. Seu uso deve ser sempre acompanhado por um profissional para evitar possíveis efeitos colaterais. Também pode ser utilizado em comprimidos, mas seu uso oral ainda é off-label (não previsto na bula).
— Desde 2018, alguns estudos têm comprovado uma ótima resposta. Indicamos para pacientes sem contraindicações à medicação oral e que não apresentam boa adesão ao tratamento tópico — explica Bruna.
Após quanto tempo de uso é possível notar os efeitos?
Os efeitos terapêuticos começam a ser perceptíveis entre três e seis meses de tratamento. Por se tratar de uma doença genética, não há cura, e o tratamento deve ser contínuo e por tempo indeterminado.
— É um tratamento que exige assiduidade e paciência, pois seus resultados dependem da continuidade. Se o paciente interromper o uso, perderá os benefícios alcançados — detalha Renata.
Quais são os sinais de que o tratamento está funcionando?
Os principais indícios de que o minoxidil está fazendo efeito incluem o aumento no crescimento de novos fios e o espessamento dos cabelos.
Se nenhuma melhora for visível após seis meses, é um sinal de que o medicamento pode não estar trazendo o resultado esperado. A persistência da queda capilar, a ausência de novos fios e a falta de fortalecimento dos cabelos após esse período indicam que o tratamento pode não ter sido eficaz.
O minoxidil pode afetar a textura, o volume e a cor do cabelo?
Sim. O minoxidil pode engrossar os fios e aumentar a densidade capilar. Além disso, embora seja incomum, pode provocar o escurecimento dos cabelos.
Há contraindicações?
Sim, o medicamento não é indicado para pessoas que são alérgicas ou possuem uma hipersensibilidade a qualquer componente da fórmula. Indivíduos com alguma doença do couro cabeludo que possa ser agravada pelo uso do medicamento não devem utilizá-lo. Também é contraindicado para gestantes e lactantes.
Quais podem ser os efeitos colaterais do uso?
O minoxidil pode causar o crescimento indesejado de pelos fora do couro cabeludo, fenômeno conhecido como hipertricose, especialmente na face. Também podem ocorrer reações alérgicas locais, coceira, ressecamento da pele, descamação do couro cabeludo e um aumento inicial na queda de cabelo devido à sincronização do ciclo capilar.
— De modo geral, os efeitos colaterais do minoxidil são leves. Em alguns casos, pode haver ressecamento do couro cabeludo, pois o medicamento é diluído em um meio alcoólico, o que pode causar dermatite de contato. Outros efeitos incluem irritações e desconfortos — cita Renata.
Funciona da mesma forma em homens e mulheres?
Tanto homens quanto mulheres podem se beneficiar do tratamento, porém a posologia e a dose diferem entre eles. Os principais fatores que determinam a resposta ao minoxidil são a quantidade de folículos viáveis e a presença de uma enzima específica, responsável por converter a forma inativa do medicamento em sua forma ativa.
Segundo a farmacêutica Renata, a resposta ao tratamento pode variar entre homens e mulheres, pois a ação do medicamento é influenciada por fatores hormonais:
— Os padrões de alopécia nos dois sexos são diferentes. Normalmente, nos homens, o resultado é mais rápido e visível, pois a doença está relacionada ao excesso de di-hidrotestosterona, levando à formação das famosas entradas e à calvície na região da coroa. Já nas mulheres, a resposta pode ser mais lenta. Nelas, a alopécia tende a causar um afinamento geral dos fios e uma queda mais concentrada no topo da cabeça.
Pode ser necessário realizar tratamentos complementares?
Após uma avaliação individualizada com um médico dermatologista, outras medicações podem ser associadas para potencializar os resultados.
De acordo com a dermatologista Bruna de Matos Bauer, é possível utilizar anticoncepcionais orais, espironolactona, inibidores da 5-alfa redutase, terapia com laser de baixa intensidade ou microinfusão de medicamentos na pele, técnica conhecida como MMP capilar.
Há diferença nos resultados do minoxidil em mulheres na menopausa?
No período da menopausa, ocorre uma desregulação hormonal que pode contribuir para uma maior perda de fios devido à diminuição dos níveis de estrogênio e progesterona. Além disso, a redução da produção de colágeno e o uso de certos medicamentos também podem influenciar os resultados do tratamento com minoxidil.