Um dos lugares mais bonitos e turísticos do RJ é Paraty. Cidade com vocação cultural e muitas festas folclóricas: Folia de Reis, Festa do Divino, Festival da Cachaça, Festival de Cinema, festas da Música como o Bourbon Festival de Jazz, Literária como a Flip, e tantas outras; sem falar na sua tradição culinária. Comidas que misturam os elementos de produção extraída da terra (mandioca, açúcar, pinga, café), como do mar, com o pescado abundante na região, criando a cozinha de sabores caiçara.
E pra lá fui eu, ficando no lindo Centro Histórico e explorando sua excelente gastronomia. E bem à Rua do Comércio, principal via local, está localizada a Pousada Literária. O endereço é o oficial da Flip - Festa Literária Internacional de Paraty, onde ficam todos os autores e convidados do festival. Essa pousada ganhou entre outros prêmios importantes, o Condé Nast Johansens Best Urban Hotel 2015 e está indicada novamente para 2016. E além de suas lindas instalações, ainda tem, em casarões vizinhos, a Livraria das Marés (pâtisserie do Chef belga Frédéric De Maeyer) e um ótimo restaurante, ambos inaugurados há um ano.
E esse era meu interesse maior em vir aqui: especialmente para conhecer o Quintal das Letras, restaurante supramencionado. E vou mostrar por que!
Ele fica localizado entre a Pousada e a Livraria e ocupa um casarão totalmente restaurado, num belíssimo projeto do premiado Paulo Jacobsen Arquitetura.
Tudo aqui foi pensado e projetado dentro do conceito de sustentabilidade e responsabilidade ambiental, como os materiais usados - teto de palha de dendê; piso e mobiliário de madeira certificada; iluminação inteligente, com aproveitamento da luz natural, entrando por muitas janelas e portas; economia de energia, com ventilação cruzada, entre outros elementos que compõem o lindo ambiente.
O restaurante tem 70 lugares, entre o salão principal, o mezanino e a varanda lateral. As cadeiras chamaram tanto minha atenção, que fui pesquisar. São cadeiras Rio, do designer Carlos Motta, feitas com eucalipto, certificadas pelo selo FSC – Forest Stewardship Council, usando técnica construtiva adequada, arejadas, bem resistentes e duradouras. E são lindas!
A visão que se tem de dentro pra fora também é bem bonita, principalmente por serem três portas e de pé direito alto, deixando ver o casario colonial, e a luz natural intensa que entra por todos os lados e que compõem mais ainda, a beleza do lugar.
Se a opção for ficar ao ar livre, essa varanda lateral também é muito charmosa e convidativa para contemplar o céu sempre muito azul de Paraty. E o melhor: dá para sentir a brisa que vem do mar.
Desculpem a profusão de fotos do ambiente, mas é tudo tão lindo que preciso mostrar. Olha só a vista que se tem do salão pra varanda, que por sua vez faz divisa com o lindo jardim do hotel! Sobre as mesas, jarrinhas com pimentinhas ou alecrins frescos, como na nossa mesa. Um capricho só!
Os proprietários do restaurante, assim como da livraria e pousada, também são donos da Pousada Tankamana (Itaipava) e Solar do Império (Petrópolis), onde a gastronomia é tratada com atenção e prioridade, tendo à frente a Chef Claudia Mascarenhas, a quem acompanho de longa data, em outras casas por onde passou no Rio. E foi pelo fato dela ter ido pra Paraty, comandar a casa e criar o cardápio, como chef executiva, que resolvi ir conhecer. E fiquei muito feliz com o resultado. Em sua equipe o simpático, e competente Chef Luciano Baldin.
Antes de começar a falar da comida, preciso abrir um parêntese para mencionar o serviço e atendimento. Impecáveis! Tudo de muito bom gosto, eficiência e cortesia! Ficamos encantados!
A cozinha é criativa e, conforme expliquei acima, reúne os insumos locais, muito frescos e com o preparo e técnicas da culinária contemporânea. Ainda que também trabalhem com outros produtos, como carne de porco. O amuse bouche servido foi shot de abóbora com chantilly de mascarpone, fava Tonka e cebolinha. Muuito bom!
Começamos com a primeira entrada. Um ceviche de peixe, com saladinha de batata baroa. Estava perfeito em sabor, aroma, tempero e frescor!
Olha ele no prato, que beleza! Com pimenta dedo de moça, cebolinha e muitos condimentos que realçaram o sabor do peixe e complementos. E com direito a harussame crocante, massa oriental de feijão verde.
Em seguida, não pudemos deixar de pedir barriga de porco Pururuca – com caramelo de shoyo e laranja, farofinha da Graúna (Casas de Farinha, tradição de Paraty, com a farinha do Pindoca da Graúna) e chantilly de feijão. Coisa muito séria esse prato!
Também preciso dar um close nessa barriguinha, na farofinha e no creme mousse. Gente! Essa pururuca era uma telha fininha e crocante, parecendo um biscoito! Nunca comi igual! E por dentro a carne é macia e com um sabor incrível! Muito bem servido, dando facilmente pra dois!
Então chegou o momento de escolha dos pratos principais. Confesso que foi difícil, pois tudo descrito no cardápio é uma tentação. E extremamente apetitoso. Resolvemos honrar a tradição caiçara, e pedimos Robalo em crosta de banana. Com gratinado de raízes (mandioca, batata doce, e batata baroa) e molho de ervas e limão. Estava maravilhoso! Principalmente o sabor do peixe em contraste com a banana, colocada como se fossem escamas.
Depois, que espetáculo! Camarões crocantes com molho cítrico, acompanhados de couscous com lentilhas, hortelã e cebolas fritas! Nossa! Muito orgulho da culinária brasileira! E uma salva de palmas aos Chefs Claudia e Luciano! Divino, na aparência, aroma e sabor.
Estaríamos satisfeitas, mas as sobremesas... Ah, as sobremesas! Pot-pourri Frédéric De Maeyer. Criação do chef belga do Eça no Rio, de quem sou fã. Sensacionalmente delicioso! Já descrevo uma a uma.
Panacotta de iogurte e chocolate branco com compota de banana e maracujá. Geladinho e cremoso. E com boa mistura das duas frutas!
O doce do meio era uma Tarte Tatin com especiarias. Base crocante, maçãs doces e macias e cobertura também tipo farofinha crocante de açúcar.
E o último doce da trilogia é a torta de cupuaçu, com aipim e coco. Isso estava muito bom!
E ainda tinha o trio de crème brûlée, criação dos chefs do Quintal, igualmente saborosíssimo.
Esse aqui é de fava Tonka, ou nossa famosa semente de Cumaru, aromatizante como a baunilha. Docinho e bem gostoso!
O outro era de chocolate, igualmente saboroso, com um pralinés de chocolate belga, branco e preto por cima.
E o último crème brûlée provado e aprovado, foi o de frutas vermelhas, maçaricado com açúcar demerara. Ótimo também!
O almoço esteve perfeito em tudo! E finalizamos com um bom café Orfeu.
Essa foi uma experiência gastronômica perfeita, durando mais de três horas de puro prazer. Depois fui dar uma volta na bela e histórica cidade. Se você for a Paraty, não deixe de ir conhecer o Quintal das Letras!
O custo do almoço foi de R$ 150.00 p/p com tudo incluído. Posso dizer que adoraria ter um restaurante assim na minha cidade, pra ir seguidamente. Que bom que a Flip começa agora no início de julho. #ficadica!
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Quintal das Letras: um lugar a descobrir no paraíso de Paraty
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