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Andrew Tosh era um jovem de 20 anos quando o pai foi assassinado em uma tentativa de assalto em Westmoreland, na Jamaica. Passadas três décadas do episódio que tirou a vida de uma das maiores lendas do reggae, o filho de Peter Tosh revive a obra do pai ao lado da mitológica banda Word, Sound and Power. O reencontro dos músicos, após um hiato de 20 anos, resultou na Peter Tosh Celebration – Legalize Tour e em um dos shows de reggae mais genuínos que Porto Alegre já viu.
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O Auditório Araújo Viana não estava lotado na noite de quinta-feira, é verdade. Mas shows de reggae de longe se diferenciam dos apertados concertos de rock, em que a multidão é diretamente proporcional ao êxtase. Quando se trata do ritmo jamaicano, a vibração que emana dos pés em sincronia permeia os vazios e faz da apresentação uma comunhão que vai além da sonoridade. Se trata unicamente de energia.
E foi exatamente isso o que não faltou ao vigoroso quinteto de Word, Sound e Power. Formado em 1976 para tocar com Peter Tosh após ele sair do The Wailers, Carlton "Santa" Davis, Donald "Big Daddy" Kinsey, Keith Sterling e George "Fully" Fullwood mostraram a mesma sintonia de 40 anos atrás.
Andrew, por sua vez, parece adotar uma postura menos militante que a do pai. Nada que prejudique a sua performance no palco, já que a potência vocal dos "Toshes" parece mesmo ser de família. Cobertos por uma túnica amarela, os braços do jamaicano se moviam como os de um maestro a cada acorde. Já a rouquidão daquela voz não deixava esquecer: "é mesmo o filho de Tosh".
Para o deleite do fiel público, os clássicos não ficaram de fora. Sons de diferentes fases de Peter Tosh, como dos álbuns Equal Rights, Bush Doctor e Mystic Man, foram todos contemplados. E ainda rolaram duas releituras de Bob Marley e Wailers: Get up Stand up e 400 Years , mas de longe, Johnny be Good, música de Chucky Berry eternizada na voz de Tosh, e o hino Legalize it foram os grandes momentos do show. Uma (justa) apresentação para reverenciar a obra do mestre jamaicano, mas acima de tudo, para lavar a alma em comunhão com o reggae.