O ano começou festejando filmes que prestam tributo ao passado, vai ficar marcado pela profusão de adaptações das histórias de super-heróis e, ao mesmo tempo, por cults que vieram da Europa, dos EUA, da Rússia e do Irã. Ainda houve espaço para muitas produções em 3D. Poucas delas, no entanto, fazendo bom uso da nova velha técnica das três dimensões.
Cinema retrô: A Invenção de Hugo Cabret (foto) foi uma bela homenagem de Martin Scorsese ao cinema, vislumbrando seu futuro a partir do culto ao passado. O vencedor do Oscar O Artista foi ainda mais explícito no tributo à história desta arte em constante mutação, que noutros tempos foi impactada pelo advento do som e hoje está sendo transformada pela digitalização dos sistemas de produção e exibição
Batman ressurge: Um segundo capítulo avassalador como O Cavaleiro das Trevas aumentou a expectativa sobre o final da ótima trilogia que o diretor Christopher Nolan ergueu em tributo ao morcegão. Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge foi um desfecho à altura, com o super-herói passando o maior sufoco nas mãos do vilão casca-grossa Bane.
Joia iraniana: Enfileirando prêmios como o Urso de Ouro no Festival de Berlim, o Globo de Ouro e o Oscar de filme estrangeiro, o excelente A Separação, de Asghar Farhadi, revela uma face da sociedade iraniana pouco conhecida no Ocidente: a da classe média cosmopolita e mais liberal, na qual a mulher tem voz forte. Esta é representada por um casal em processo de rompimento, cujo desdobramento gera conflitos com aqueles que preservam valores morais e religiosos mais arraigados.
Gaúchos a rodo: Raras vezes se pôde ver tantos filmes gaúchos nos cinemas. Em parte devido ao 1º Edital de Finalização de Longas do governo do Estado, puderam ser lançados cerca de 10 títulos, das ficções Menos que Nada, Alice Diz:, Contos Gauchescos e Porto dos Mortos aos documentários Xico Stockinger, Espia Só e O Liberdade.
As comédias e o palhaço: Mais uma vez, os maiores sucessos do cinema nacional foram as comédias populares - Até que a Sorte nos Separe e Os Penetras entre elas. Na lista dos principais destaques da produção brasileira, contudo, figuram documentários como Tropicália, de Marcelo Machado, e o nosso representante na corrida do Oscar O Palhaço (foto), de Selton Mello.
O cult da temporada: Desde que Drive foi premiado no Festival de Cannes de 2011 (com o troféu de melhor direção), o culto ao filme de Nicolas Winding Refn se espalhou. Ele só estreou no Brasil, no entanto, no verão deste ano, quando o diretor dinamarquês e o novo astro de Hollywood Ryan Gosling já anunciavam um novo projeto em conjunto, Only God Forgives, que está sendo finalizado e tem previsão de estreia nos EUA em maio de 2013.
Super-heróis reunidos: Separados, eles tiveram no cinema altos (Homem de Ferro) e baixos (Hulk). Mas, juntos, mostraram ser imbatíveis em Os Vingadores, blockbuster dirigido por Joss Whedon que tornou-se, com US$ 1,5 bilhão faturados apenas nos cinemas, a terceira maior bilheteria da história. Um novo capítulo está agendado para 2015. Mas, antes, Homem de Ferro, Thor e Capitão América ganharão novas aventuras solo.
Destaque dos leitores: Nem Batman, nem Intocáveis. Na enquete realizada em zerohora.com/segundocaderno, o preferido do público entre os sucessos populares de 2012 foi Os Vingadores. O filme dirigido por Joss Whedon teve 30,96% dos votos, contra 20,27% de Batman e pouco mais de 15% de Intocáveis. O quarto colocado foi O Palhaço, com 10,96%.
3D que vale a pena: São raros os filmes na rediviva projeção 3D que justificam o valor a mais do ingresso - a maioria adere ao formato de modo tosco para engrossar a bilheteria. Mas o diretor Wim Wenders somou seu talento à tecnologia nesta belíssima homenagem à coreógrafa Pina Bausch (1940 - 2009), relembrando suas criações e colocando o espectador a dançar com seus bailarinos
Fenômeno "Intocáveis": Intocáveis é o maior sucesso do cinema francês no Exterior em todos os tempos. No Brasil, foram mais de 1 milhão de espectadores que se somaram numa progressiva e raramente vista propaganda boca a boca. Os diretores Olivier Nakache e Eric Toledano contam a história real de amizade entre um aristocrata francês tetraplégico e um imigrante africano que este contrata como assistente. Numa trama que transcorre entre risos e lágrimas, explorando diferenças sociais e culturais dos protagonistas _ e pregando a harmonia e a tolerância entre essas diferenças _, o excepcional desempenho dos atores François Cluzet e Omar Sy desponta como seu principal trunfo.
Os filmes do ano (que tiveram estreia nos cinemas do Estado em 2012)
> A Invenção de Hugo Cabret (EUA)
De Martin Scorsese
> A Separação (Irã)
De Asghar Farhadi
> As Praias de Agnès (França)
De Agnès Varda
> Drive (EUA)
De Nicolas Winding Refn
> Fausto (Rússia)
De Aleksander Sokurov
> Habemus Papam
(Itália)
De Nanni Moretti
> Moonrise Kingdom (EUA)
De Wes Anderson
> Pina (Alemanha)
De Wim Wenders
> Tropicália (Brasil)
De Marcelo Machado
> Violeta Foi para o Céu (Chile)
De Andrés Wood