Nas primeiras sílabas cantadas por Roberto Carlos na noite deste sábado (8), Fernanda Saenger sentiu o mesmo de todas as vezes em que ouviu Emoções.
— Meu pai gosta muito dessa musica. Eu ouvi muito com ele e minha mãe. E passei essa influência para a minha filha, que está aqui hoje — disse a advogada de 54 anos.
Ela acompanhou o show na Arena, em Porto Alegre, com a fã mais recente da família, a filha Juliana, 24 anos, e com uma das responsáveis pela paixão pelo Rei, a mãe, Leide. Fernanda faz parte da legião de adoradores de Roberto que tem alguma música (ou muitas) do cantor e compositor como trilha sonora: são canções que remetem a pessoas, alegrias, tristezas e inúmeras lembranças da vida.
A mesma canção mexe com a professora Rosane Guidotti, 57 anos, que carregava um cartaz pedindo foto com o ídolo no 20º show que acompanhou. Mas é Como É Grande o Meu Amor Por Você que a faz estremecer.
— Eu sempre falava isso para o meu ex-marido e para os meus filhos, falo para eles até hoje. E se estou aqui é porque foi um presente do meu filho, ele é estagiário e me deu. Todo esse amor que tenho, consegui transmitir a eles — disse, já com a voz embargada.
Rosane e Fernanda foram apenas duas entre os mais de 18 mil fãs que acompanharam e cantaram junto uma saraivada de sucessos ao longo de mais de duas horas na Arena. Em formato de anfiteatro — se por um lado prejudica o gramado, por outro funciona muito bem para o público de espetáculos desse porte —, a casa gremista comprovou mais uma vez sua versatilidade como espaço para shows (as últimas apresentações do Rei foram no Araújo Vianna, em 2016, e no Beira-Rio, em 2015).
Com som de primeira linha (ainda que com pequenas falhas logo no início), Roberto apostou em um repertório de base já bastante conhecido, com O Calhambeque, Além do Horizonte, Detalhes, Como Vai Você, Esse Cara Sou Eu e Jesus Cristo. Trouxe alguns clássicos que não cantou na apresentação passada (Olha, Não Vou Ficar e Sua Estupidez). E apresentou músicas mais recentes, como Sereia, que compôs para a personagem Ritinha (Isis Valverde) da novela A Força do Querer.
— Recebi um telefonema da (autora) Gloria Perez me pedindo uma música. Eu disse que não fazia música por encomenda. Mas perguntei se o personagem era mesmo uma sereia. Ela disse que sim. Perguntei quem era a atriz. Ela disse que era a Isis valverde... Em cinco dias, a canção estava pronta. Eu não dormi, mas fiz — brincou o Rei.
Roberto também cantou Quero Que Vá Tudo Pro Inferno, que por anos ficou fora do repertório porque o cantor não gostava da palavra “inferno”. Essa, Não vou ficar e Jesus Cristo (que encerrou o show junto com a distribuição de rosas à plateia) mostraram a força dos metais da RC9 em poderosos arranjos soul.
Com um espetáculo de inegável qualidade para o que se propõe (ainda que sem grandes novidades ou mudanças há muito tempo), Roberto entrega para o seu público aquilo que é pedido: emoções que reforçam o imaginário do grande artista que consegue tocar o coração do fã.
Veja o setlist do Rei na apresentação deste sábado (8) em Porto Alegre
Emoções
Como Vai Você
Além do Horizonte
Ilegal, Imoral ou Engorda
Detalhes
Desabafo
Outra Vez
Lady Laura
Nossa Senhora
O Calhambeque
Quero Que Vá Tudo Pro Inferno
Olha
Sua Estupidez
Mulher Pequena
Não Vou FIcar
Sereia
Se Você Pensa
Esse Cara Sou Eu
Como É Grande o Meu Amor Por Você
Jesus Cristo