Dominar ferramentas que aumentam a produtividade. Ao longo dos anos, as habilidades necessárias para preencher vagas de emprego evoluíram e, em 2025, como já foi em 2024, o raciocínio tecnológico, de acordo com especialistas, é critério decisivo na escolha de candidatos.
Isso porque é a habilidade lógica que dá condições da mão de obra operar equipamentos de grande tecnologia e assim acelerar processos principalmente da indústria, o setor que mais emprega em Caxias do Sul.
O metalmecânico, aliás, segundo o Guia Salarial Robert Half, referência em remuneração e tendências de mercado, é o segmento mais aquecido do ano no Rio Grande do Sul. Entre as áreas que lideram as contratações estão as de engenharia, supply chain (cadeia de suprimentos) e segurança do trabalho.
De alta demanda, empregos que exigem familiaridade com inteligência artificial e capacidade de analisar dados desafiam então tanto quem precisa se especializar quanto quem quer contratar.
A Lenzi Tecnologia em Automação, por exemplo, presta serviço para a indústria, atua essencialmente para sanar dificuldades que empresas têm com mão de obra, automatizando processos. Mas, mesmo ela, precisa contratar. O direto Juliano Lenzi estima que sejam necessários, no mínimo, cinco anos de experiência profissional para atender o que o mercado de programação precisa:
— Já ficamos com projetos parados por não termos pessoas para trabalhar nele. É uma mão de obra rara que quando se encontra é valorizada. O Senai é muito nosso parceiro, são alunos que vêm com a base técnica muito sólida e entram em um serviço de montagem básica, conforme evoluem passam a prestar serviços mais complexos. O raciocínio lógico para nós é tudo.
Com 2 mil alunos dos 16 aos 50 anos, o Senai Caxias tem encontrado formas de trabalhar a inteligência artificial em sala de aula para capacitar os futuros profissionais. De acordo com o Igor Krakheche, programadores já estão em uma espécie de simbiose entre homem e máquina:
— É preciso se especializar em descrever o problema para que a IA encontre a solução e automatize o processo. Mas a sacada genial sempre sairá do ser humano. O que mais escuto de empresários de todas as áreas é que falta gente qualificada. Caxias está longe do mercado consumidor, dos portos e da matéria-prima, a mão de obra é nosso maior ativo e a IA vai potencializar isso porque vai manter as empresas aqui.
Habilidades pessoais no radar
Dominada a parte técnica, é preciso se lapidar como pessoa. São as soft skills, habilidades comportamentais e sociais necessárias para lidar com situações cotidianas do mundo do trabalho.
Cada vez mais atentas a essas habilidades, empresas adaptaram os processos de recrutamento e a seleção ficou mais criteriosa. Na empresa de Lenzi, as etapas deixaram muitos candidatos pelo caminho, mas trouxeram resultado.
— Ninguém mais é contratado sem avaliação psicológica, por exemplo. Avaliamos desempenho, produtividade, raciocínio lógico e perfil. A partir do momento que decidimos por esse processo, tivemos falta de mão de obra, mas diminuímos a rotatividade e notamos que quem foi aprovado, realmente veio para somar.
É o caso de Isaac Guaer Pedron, 19 anos, efetivado pela empresa depois do estágio. Estudante de engenharia elétrica, Pedron cursou o Senai e hoje cursa Engenharia Elétrica.
— É preciso desenvolver a imagem que vendemos para o mundo. No Senai aprendi sobre o CHA (conhecimentos, habilidades e atitudes) e na empresa podemos desenvolver tudo isso, não adianta saber o que fazer e ser desorganizado ou não conseguir trabalhar em grupo — diz.
O relatório do Fundo Econômico Mundial destacou em 2025 as dez habilidades mais procuradas pelas empresas. São elas:
1 - Pensamento analítico
2 – Adaptabilidade(Resiliência, flexibilidade e agilidade)
3 - Influência social e liderança
4 - Criatividade
5 - Motivação e autoconsciência
6 - Letramento Digital
7 - Empatia e escuta ativa
8 - Curiosidade e aprendizado contínuo
9 - Gestão de talentos
10 - Orientação de serviço e atendimento ao cliente
E como desenvolvê-las?
Educador e fundador da Pensar Educação Empresarial Daniel Fünkler Borelli garante que há ferramentas para desenvolver cada uma delas. Para isso é preciso buscar conhecimento em experiências:
— As pessoas não tem a dimensão de quanto isso é importante. O profissional não pode focar exclusivamente na formação técnica, é preciso ter criatividade, bom relacionamento interpessoal e automotivação para entender que as coisas levam tempo e podem também dar errado. É preciso persistir para conseguir.