Ao fugir da crise que assolava a Europa, em 1907, acompanhado pelos pais e irmãos, Dirk Van Den Brul não poderia imaginar que, em 1919, fundaria, no Mercado Público de Porto Alegre, uma banca que sobreviveria a quatro incêndios, a uma enchente e a uma grande reforma.
Ao comemorar, quarta-feira (27), cem anos de atividades, a Banca do Holandês é referência no tradicional prédio enraizado no centro da Capital. Desde 1975 administrada pela família de Sérgio Lourenço, a loja pode ser considerada uma das primeiras em Porto Alegre a comercializar produtos diferenciados.
— Vindos da Europa, os produtos chegavam à nossa banca em navios que atracavam aqui no Cais do Porto. Entre eles, peixes enlatados, como o arenque, além de frutas e outras novidades que não eram comuns aos gaúchos. Desde sempre, construímos a reputação de oferecer produtos de alta qualidade e alguns até exóticos — conta Lourenço.
De uma banca de madeira, com janelas que se abriam para atender aos pedidos dos fregueses, a um espaço moderno de 34 metros ocupados por 26 funcionários, a Banca do Holandês se consolidou também por disseminar a cultura do atendimento individualizado.
— Diariamente, temos como objetivo bem atender para fazer com que os nossos clientes, sejam os antigos ou os recém-conquistados, sintam-se satisfeitos com o serviço e com os itens que oferecemos — revela o comerciante.
Em 2014, durante a Copa do Mundo, a fama da Banca do Holandês cruzou o Oceano Atlântico e chegou ao conhecimento dos compatriotas. Com a realização de um jogo da seleção holandesa em Porto Alegre, cerca de 5 mil torcedores vestindo laranja ocuparam o Largo Glênio Peres para uma grande festa.
— O espaço foi escolhido porque, entre outras coisas, eles foram informados da existência da nossa banca no Mercado. Tanto assim, que dei várias entrevistas para canais de televisão e revistas da Holanda — afirma o proprietário.
Hoje, com um movimento que se aproxima de mil pessoas por dia, e especializada na venda de bacalhau, queijos, fiambres nobres, azeites e especiarias, entre outras tantas iguarias, a Banca do Holandês segue, cem anos depois, sendo referência a novos empreendimentos que surgem.
— A marca Banca do Holandês é tão importante para nós que tivemos o cuidado de registrá-la. Esta marca tão querida pelos porto-alegrenses tem como propósito difundir o comer bem e proporcionar o prazer da alimentação simples ou sofisticada. Nunca podemos esquecer que o nosso maior valor é a confiança, prezamos muito o bom relacionamento com nossos clientes — finaliza o atual concessionário.