O Cine Guarani realizou há 50 anos as últimas sessões em uma histórica sala de cinema de Porto Alegre. Por 61 anos, ocupou parte do edifício da Companhia Previdência do Sul na Rua dos Andradas, em frente à Praça da Alfândega. Em 2 de fevereiro de 1975, um domingo, o cinema fechou após exibição do filme Zardoz às 14h, 16h, 18h, 20h e 22h.
O fechamento ocorreu devido à venda do prédio, que seria demolido para construção de um arranha-céu de 45 andares. Em entrevista à reportagem de Zero Hora, o funcionário Delicarlêncio Esmério Altar, que por 30 anos trabalhou na cabine de projeção, lamentou o fim do cinema. Ele foi transferido para o Imperial, que ficava ao lado. Isaac Cunha da Silva era proprietário dos dois cinemas.
— O melhor filme que já projetei foi Os Dez Mandamentos, que ficou seis meses em cartaz. Antes disso, no tempo do cinema mudo, passei grandes filmes como Honrarás Tua Mãe e Sétimo Céu, além, é claro, de toda a série de Shirley Temple — recordou Altar.
O Cinema Theatro Guarany foi inaugurado em 28 de novembro de 1913. Ocupou parte do prédio da empresa de seguros de vida, que transferiu a sede para o prédio no final daquele ano. O edifício foi projetado pelo arquiteto alemão Theo Wiederspahn.
Propriedade da firma Issler & Cia., o cinema tinha uma espaçosa sala de espera. O salão oferecia poltronas e ventiladores para o conforto do público. No segundo andar, ficava o bar Carlos Gomes. O nome Guarany foi escolhido em concurso popular.
Em 1975, a grafia do nome era "Guarani". Para o bem da cidade, o edifício de 1913 não foi destruído. Poucos meses após o fechamento do cinema, a prefeitura incluiu o imóvel da Rua dos Andradas em projeto de lei relacionando prédios históricos para futuro tombamento. Por muito tempo, foi ocupado pelo Banco Safra. Uma loja de cosméticos abrirá no local.
O Guarany reabriu em 1987 no mezanino do Imperial. Em 4 de agosto de 2005, os cinemas Imperial e Guarany fecharam as portas em definitivo. A cinelândia de Porto Alegre, junto à Praça da Alfândega, chegava ao fim.